Transposição do Rio São Francisco: Espécie de peixe invasora é registrada na bacia do rio Paraíba do Norte após Transposição
Entre uma das consequências já notadas da transposição do Rio
São Francisco está o surgimento de espécies exóticas. Pesquisadores da
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em parceria com as universidades
federais do Rio Grande do Norte e da Paraíba registraram uma nova espécie de
peixe na bacia do rio Paraíba do Norte, vinda do canal do rio São Francisco. O
estudo, publicado na edição de maio da revista “Biota Neotropica”, identificou
pela primeira vez na região a espécie de peixe Moenkhausia costae, popularmente
conhecida como Tetra Fortuna ou Piaba. Para os especialistas, a introdução
dessa nova espécie pode provocar um desequilíbrio no ecossistema da região ao
competir com outras espécies de peixes nativos. Conduzido pelo governo federal,
a transposição do Rio São Francisco é um projeto que envolve a construção de
mais de 700 quilômetros de canais de concreto em dois grandes eixos ao longo do
território de quatro estados do Nordeste (Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio
Grande do Norte) para que a água do rio São Francisco chegue em lugares mais
secos da região.
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Foto: Pesquisadores/ Arquivo
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Diário de Pernambuco
05/05/2021
COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
Com o projeto da Transposição em curso, a aparição de espécies
de peixes, em locais onde eles anteriormente não haviam, não é novidade. Em
2019 publiquei matéria no portal da Fundação Joaquim
Nabuco alertando sobre isso. Aliás, esse foi um dos temas evidenciados quando
da elaboração dos Estudos de Impactos Ambientais (EIA), da bacia do Rio São
Francisco, exigidos para a transposição de suas águas. Essa preocupação
procede, tendo em vista existem na bacia do Velho Chico cerca de 200 espécies
de peixes, registradas e catalogadas, enquanto na região receptora de suas
águas, existirem, apenas, 50 espécies. Já se previa, com esses bombeamentos, o
transporte de espécies exóticas ao ambiente do Setentrional, as quais iriam
iniciar processo de predação das espécies nativas daquela região semiárida do
Nordeste brasileiro, pela competição natural entre elas. O resultado disso será
o desequilíbrio ecossistêmico na biota local. Não foi por falta de aviso!
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