sexta-feira, 7 de maio de 2021

 Transposição do Rio São Francisco: Espécie de peixe invasora é registrada na bacia do rio Paraíba do Norte após Transposição

Entre uma das consequências já notadas da transposição do Rio São Francisco está o surgimento de espécies exóticas. Pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em parceria com as universidades federais do Rio Grande do Norte e da Paraíba registraram uma nova espécie de peixe na bacia do rio Paraíba do Norte, vinda do canal do rio São Francisco. O estudo, publicado na edição de maio da revista “Biota Neotropica”, identificou pela primeira vez na região a espécie de peixe Moenkhausia costae, popularmente conhecida como Tetra Fortuna ou Piaba. Para os especialistas, a introdução dessa nova espécie pode provocar um desequilíbrio no ecossistema da região ao competir com outras espécies de peixes nativos. Conduzido pelo governo federal, a transposição do Rio São Francisco é um projeto que envolve a construção de mais de 700 quilômetros de canais de concreto em dois grandes eixos ao longo do território de quatro estados do Nordeste (Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte) para que a água do rio São Francisco chegue em lugares mais secos da região.

Foto: Pesquisadores/ Arquivo

#riosãofrancisco #peixes #transposição #estudo

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Diário de Pernambuco

05/05/2021

COMENTÁRIOS

João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco

Com o projeto da Transposição em curso, a aparição de espécies de peixes, em locais onde eles anteriormente não haviam, não é novidade. Em 2019 publiquei matéria no portal da Fundação Joaquim Nabuco alertando sobre isso. Aliás, esse foi um dos temas evidenciados quando da elaboração dos Estudos de Impactos Ambientais (EIA), da bacia do Rio São Francisco, exigidos para a transposição de suas águas. Essa preocupação procede, tendo em vista existem na bacia do Velho Chico cerca de 200 espécies de peixes, registradas e catalogadas, enquanto na região receptora de suas águas, existirem, apenas, 50 espécies. Já se previa, com esses bombeamentos, o transporte de espécies exóticas ao ambiente do Setentrional, as quais iriam iniciar processo de predação das espécies nativas daquela região semiárida do Nordeste brasileiro, pela competição natural entre elas. O resultado disso será o desequilíbrio ecossistêmico na biota local. Não foi por falta de aviso!

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