Aquífero na Amazônia pode
ser o maior do mundo, dizem geólogos
Reserva
Alter do Chão tem volume de 86 mil km³ de água potável. Quantidade permitiria
abastecer população mundial por 100 vezes.
Glauco
Araújo Do G1,
em São Paulo
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal
do Pará (UFPA) apresentou um estudo, na sexta-feira (16), que aponta o Aquífero
Alter do Chão como o de maior volume de água potável do mundo. A reserva
subterrânea está localizada sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá e tem
volume de 86 mil km³ de água doce, o que seria suficiente para abastecer a
população mundial em cerca de 100 vezes, ainda de acordo com a pesquisa. Um
novo levantamento, de campo, deve ser feito na região para avaliar a
possibilidade de o aquífero ser ainda maior do que o calculado inicialmente
pelos geólogos.
Em termos comparativos, a reserva Alter do Chão tem
quase o dobro do volume de água potável que o Aquífero Guarani - com 45 mil km³
de volume -, até então considerado o maior do país e que passa pela Argentina,
Paraguai e Uruguai. "Os estudos que temos são preliminares, mas há
indicativos suficientes para dizer que se trata do maior aquífero do mundo, já
que está sob a maior bacia hidrográfica do mundo, que é a do Amazonas/Solimões.
O que nos resta agora é convencer toda a cadeia científica do que estamos
falando", disse Milton Matta, geólogo da UFPA.
O Aquífero Alter do Chão deve ter o nome mudado por
ser homônimo de um dos principais pontos turísticos do Pará, o que costuma
provocar enganos sobre a localização da reserva de água. "Estamos propondo
que passe a se chamar Aquífero Grande Amazônia e assim teria uma visibilidade
comercial mais interessante", disse Matta, que coordenou a pesquisa e agora
busca investimento para concluir a segunda etapa do estudo no Banco Mundial e
outros patrocinadores científicos.
De gota
em gota
O geólogo informou que a segunda etapa de pesquisa
será a visita aos poços já existentes na região do aquífero. "Pretendemos
avaliar o potencial de vazão. Dessa maneira teremos como mensurar a capacidade
de abastecimento da reserva e calcular a melhor forma de exploração da água, de
maneira que o meio ambiente não seja comprometido", disse
Para Marco Antonio Oliveira, superintendente do Serviço
Geológico do Brasil, em Manaus, a revelação de que o Aquífero Alter do Chão é o
maior do mundo comprova que esse tipo de reserva segue a proporção de tamanho
da Bacia Hidrográfica que fica acima dela. "Cerca de 40% do abastecimento
de água de Manaus é originário do Aquífero Alter do Chão. As demais cidades do
Amazonas têm 100% do abastecimento tirado da reserva subterrânea. São Paulo,
por exemplo, tem seu abastecimento em torno de 30% vindo do Aquífero
Guarani."
Oliveira disse que a reserva, na área que
corresponde a Manaus, já está muito contaminada. "É onde o aquífero aflora
e também onde a coleta de esgoto é insuficiente. Ainda é alto o volume de
emissão de esgoto 'in natura' nos igarapés da região."
Recuperação
da reserva
Oliveira faz um alerta para a exploração comercial
da água no Aquífero Alter do Chão. "A água dessa reserva é potável, o que
demanda menos tratamento químico. Por outro lado, a médio e longo prazo, a
exploração mais interessante é da água dos rios, pois a recuperação da reserva
é mais rápida. A vazão do Rio Amazonas é de 200 mil m³/segundo. É muita água.
Já nas reservas subterrâneas, a recarga é muito mais lenta.
Ele destaca a qualidade da água que pode ser
explorada no Alter do Chão. "A região amazônica é menos habitada e por
isso menos poluente. No Guarani, há um problema sério de flúor, metais pesados
e inseticidas usados na agricultura. A formação rochosa é diferente e filtra
menos a água da superfície. No Alter do Chão as rochas são mais arenosas, o que
permite uma filtragem da recarga de água na reserva subterrânea", disse
Oliveira.
Sobre o
assunto:
O imenso
reservatório de água no subterrâneo da Amazônia
COMENTÁRIOS
José do
Patrocínio Tomaz Albuquerque - Hidrogeólogo e Consultor
Quanto ao trabalho do Amazonas, a minha posição é a
seguinte: água subterrânea é mais que armazenamento. É, sobretudo, escoamento.
Se usar o armazenamento de forma a inviabilizar o escoamento, acabou-se a água
subterrânea para a demanda ambiental, aí incluída a manutenção da vida de
biomas vegetais e animais e o próprio regime de escoamento de rios perenes e/ou
intermitentes. E serão fatais para o uso continuado em demandas
socioeconômicas, na medida em que este escoamento de base, componente
importante do escoamento fluvial, tende a reduzir-se ou, mesmo, anular-se com o
rebaixamento dos níveis de águas subterrâneas contidas em aquíferos, livres ou
sob pressão (confinados ou semi-confinados), cujas cargas hidráulicas
viabilizam o escoamento vertical ascendente, alimentando aquíferos livres
(também chamados de freáticos) ou direto ao mar.
Mas,
sobre o comentário que fiz anteriormente sobre o artigo publicado na Revista
FAPESP por Francisco de Assis Matos de Abreu et al, acho que professores da
UFPA, ele foi o seguinte (fiz algumas complementações, para torna-lo mais
compreensível):
Você sabe que discordo profundamente desta forma de
avaliar aquíferos que participam ou integram o que denomino de sistemas
aquíferos e que não estão isolados do ciclo hidrológico. Já fiz comentários
sobre esta avaliação de reservas em outra ocasião, neste mesmo espaço, se não
me falha a memória. Repito que o armazenamento (reserva) é importante na medida
em que ele assegura a ocorrência de fluxo de base de cursos d'água, tornando-os
perenes ou intermitentes. A exploração de reservas de aquíferos, ditas permanentes
(como o são a grande parcela das mesmas) e mesmo de sua parte renovável (é esta
a que participa do ciclo hidrológico e que sai aos rios ou escoa direto aos
oceanos, subterraneamente, representando a parcela menor) pode inviabilizar o
seu fluxo de base, alterando seu regime hídrico, responsável pela manutenção
das condições ambientais naturais, isto é, suprimento hídrico de biomas,
ribeirinhos ou não. Mas, no noticiário aqui veiculado, há uma parte que revela
a absoluta ignorância dos autores do trabalho do que seja ciclo hidrológico.
Transcrevo a frase que traduz esse desconhecimento: “A reserva subterrânea
representa mais de 80% do total da água da Amazônia. A água dos rios
amazônicos, por exemplo, representa somente 8% do sistema hidrológico do bioma
e as águas atmosféricas têm, mais ou menos, esse mesmo percentual de
participação”, disse Abreu durante o evento." Ora, qual a participação das
águas dos rios nas águas atmosféricas? O mesmo percentual de 8%? E as águas
atmosféricas, ao se precipitarem, não evapotranspiram, não evaporam e nem há
retenção foliar (intercepção) e de raízes do sistema florístico? Sim, deve
acontecer tudo isso, e, no caso corresponderia aos 92% do ciclo hidrológico
amazônico. Os 8% (se é que é somente isso) representam, apenas, a parte que se
converte em escoamento fluvial, com suas parcelas de escoamento direto e de
base, já mencionada. E se somente podemos manejar as águas do ciclo em uma
fração (e não todo ele, já que as consequências para a vida em geral seriam
catastróficas), como ir atrás de reservas de água subterrânea? Aliás, se estas
estão à salvo, em sua maior parte do ano (15 metros de profundidade) da
evaporação e da evapotranspiração, inviabilizando a sua contribuição ao
ambiente atmosférico (o que seria benéfico para o fluxo de ar saturado que,
segundo meteorologistas, respondem pelas chuvas que são transferidas pela
frente amazônica às regiões Sudeste e Nordeste, como aumentar, pela exploração,
esta profundidade, sem que haja mais reflexos negativos? As águas atmosféricas,
na equação do balanço, são responsáveis por 100% de toda a repartição das águas
do ciclo hidrológico. E as águas subterrâneas, são, apenas, uma porcentagem do
escoamento fluvial proveniente da parcela do armazenamento dito renovável ou
sazonal. Qualquer que seja o volume estocado, a contribuição ao escoamento
fluvial e ao marinho será sempre o mesmo, dependendo das condições de recarga e
de circulação, uma consequência das relações de cargas hidráulicas entre os
componentes do ciclo hidrológico, mais especificamente entre as magnitudes das
cargas hidráulica dos rios, aquíferos e dos oceanos. Portanto, são estas
avaliações desprovidas de fundamentos científicos e técnicos que considero,
inclusive, uma falácia das mais levianas que se possa cometer!
Abraços,
Patrocínio
Abraços,
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Hugo
Penteado - Ambientalista
Aí vamos
fazer o que fizeram os EUA depois do aterrorizante "dust bowl" dos
anos 40 quando eles devastaram a vegetação natural de quatro estados
gigantes. Comeram toda a água do aquífero Ogallala. Nasa constatou esse
que não há mais água nele e ficou aterrorizado com essa descoberta. Ou
seja, destruímos os catalisadores de água que são a vegetação natural, acabamos
com a água de superfície, para sugarmos a das entranhas da Terra. Como
seres parasitários que somos para atender o desenvolvimento econômico do
consumicídio, desafiamos leis básicas da física, além de ignorarmos a finitude
do planeta e da água disponível. Mantemos um crescimento inabalável num planeta
finito, só para provar que somos das duas uma: ou loucos ou economistas
(parafraseando a famosa frase de Kenneth Boulding). CBHSF abre plenária
com apelo pela revitalização do rio São Francisco O presidente do Comitê da
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, abriu às 10 horas
desta quarta-feira,
CC
Danilo
Rocha Jornal Correio Alexandro Mota Folha de São Paulo
joilsonpaz.pe@dabr.com.br e 49 mais...
CCO
alipiocfilho@yahoo.com.br
Dez 9 em
1:47 PM
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