terça-feira, 4 de junho de 2013

Suzano vai investir em plantação de Eucalipto para Geração de energia em Pernambuco: Mais uma ameaça para agricultores e biodiversidade.

A Região do Araripe, localizada na Mesorregião do Sertão de Pernambuco, é constituída por dez municípios: Araripina, Bodocó, Exu, Granito, Ipubi, Moreilândia, Ouricuri, Santa Cruz, Santa Filomena e Trindade, ainda exibe uma beleza e diversidade biológica emocionante para aqueles que acreditam na natureza como uma função primordial para a vida no planeta, mas está seriamente ameaçada.


Nuvens de fumaça
Por  Ivonete Gonçalves*
 
A Chapada do Araripe é de tirar o fôlego. A paisagem é formada de Cerrado e Caatinga dentro da Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe, com 10 mil km2 nos estados de Pernambuco, Ceara e Piauí.
A população rural é predominante e a agricultura camponesa é a principal fonte de subsistência da maioria da população. A principal atividade econômica da região é caracterizada pela exploração da gipsita no Pólo Gesseiro do Araripe que abrange seis dos dez municípios. Este setor ocasiona grande pressão sobre os recursos naturais, transformando a floresta em lenha para abastecer os gigantescos fornos. É comum verificar longas pilhas de madeiras nativas, nos pátios das indústrias, nos municípios citados.
O Pólo concentra 40% das reservas de gipsita do mundo estimadas em 1,2 bilhões de toneladas. Esse pólo atende a quase 95% da demanda nacional e se destaca também no cenário internacional por ser a maior reserva de gipsita do mundo.
Jazida de gipsita
Jazida de gipsita
A poluição está por toda parte, a cidade de Trindade parece estar sempre ornamentada para os festejos natalinos visto que a poeira branca do gesso é vista de longe. A comunidade sofre de problemas de saúde oriundas da poluição. Não há controle por parte das Secretarias de Saúde e de Meio Ambiente. E, segundo o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) que atua naquela região a tendência é piorar já que o Governo apóia essa atividade e se encontra em plena expansão.
Além desta perigosa modalidade, o Governo do Estado, aponta através de parceria com a empresa Suzano, empresa plantadora de eucalipto nos estados da Bahia, São Paulo, Tocantins, Maranhão, a plantação de eucalipto como fonte de energia para fabricação de gesso. O Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco também apostam na plantação de eucalipto como solução “sustentável” para fornecer energia ao pólo gesseiro, e evitar a pressão sobre a caatinga. Para José Antonio Aleixo da Silva, do departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal rural de Pernambuco, “a introdução de florestas plantadas de rápido crescimento é uma opção viável para o pólo gesseiro de Araripe”. Segundo ele o solo, o clima e o aproveitamento diversificado do eucalipto são suficientes para justificar a iniciativa. Ele lamenta que “por falta de estudos experimentais na região sobre o desenvolvimento da cultura e suas relações com o meio ambiente, sua introdução é vista com receio, principalmente por ambientalistas, fundamentados na maioria das vezes, por críticas sem embasamento científico”.
Experimento
Ora, mas se trata, de uma argumentação frágil e descabida por diversos motivos. Um deles é que o desmatamento, claramente visível, com vastas áreas degradadas é ocasionado, principalmente pelo pólo gesseiro. E ao invés de minimamente fazer a recuperação com nativas e frutíferas, já que certamente não podemos plantar florestas, a proposta é plantar eucalipto? Outra falácia, é afirmar que as criticas à monocultura de eucalipto não possuem embasamento científico, visto que existem publicações em diversas línguas sobre os impactos causados por plantações de árvores. Veja alguns no site: WWW.wrm.org.uy
Madeira nativa
E ainda, a plantação de eucalipto certamente vai expulsar, os camponeses e camponesas do campo, vai comprometer a segurança alimentar das comunidades, além de aumentar os preços dos alimentos e aumentar a violência e pobreza da região, visto que os maiores bolsões de pobreza estão nas áreas com grandes monoculturas, especialmente a monocultura de eucalipto.  Podemos acrescentar ainda, sem discutir graus de importância, o desgaste ambiental ocasionado por plantações de eucalipto. “Um tronco de eucalipto não é só madeira, são sais minerais e nutrientes do solo,  reservas de água, e outros recursos naturais” que são agregados. Com todos os estudos produzidos em diversos cantos do mundo já está mais que provado que a monocultura de eucalipto, seja para celulose, seja para produção de energia, causa sérios danos. Não traz nenhum beneficio para a sociedade, seja econômico, cultural, social, ambiental ou espiritual. É notável que a palavra “sustentável” está sendo utilizada de propósito para confundir a cabeça dos desavisados e fortalecer a conivência e subserviência do Estado Brasileiro.
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* Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul – CEPEDES. Visita de campo de 08 a 11 de maio, em parceria com o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM).
 

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