Firjan alerta: Estamos na antessala do apagão.
Nível dos reservatórios é o pior dos últimos 11 anos, e só
não é mais crítico do que o passado no período de racionamento.
http://www.jornaldaenergia.com.br/ler_noticia.php?id_noticia=12132&id_secao=2
Por Natália Bezutti
O sistema Firjan emitiu nesta quarta-feira
(19/12) comunicado a indústria em que alerta para o estado crítico em que se
encontram os reservatórios das usinas hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste
e risco de desabastecimento de energia até o início de 2013. “Estamos
praticamente na antessala do apagão”, declarou o gerente de competitividade
industrial e investimentos da Firjan, Cristiano Prado.
Segundo o executivo, o atual nível dos
reservatórios é o pior dos últimos 11 anos e só não perde para o período de
racionamento. De acordo com dados da federação, em dezembro de 2011, o nível
dos reservatórios estava em 61%, mas hoje representa apenas 29,8%.
Contrariamente, a geração termelétrica em novembro de 2011 era de 6,91%,
saltando para 23,14% no mesmo período deste ano.
“A previsão das chuvas para dezembro está abaixo
da média e, ainda que alcançasse a média histórica, não teremos água suficiente
para encher os reservatórios. Por outro lado está sendo necessário aumentar a
geração de termelétricas num momento em que o País não estava esperando gerar”,
declarou Prado.
Preocupada com a situação, a federação solicitou
ao Ministério de Minas e Energia que esclareça a situação, dizendo quais as
medidas que ainda podem ser adotadas para manter o fornecimento de energia, e
também de gás, para a indústria, visando garantir não só a competitividade do
setor, mas também o crescimento econômico do Brasil.
“É um cobertor curto dos dois lados. Curto na
parte de cima porque o nível dos reservatórios está muito abaixo e, curto na
parte de baixo, porque você vai precisar de mais gás para as térmicas, e não
tem gás sobrando no País”, apontou o gerente da Firjan.
Ele ainda revela que apesar das previsões de
chuva apontarem otimismo, o despacho térmico não deverá cair pelo menos até o
primeiro trimestre de 2013. Mesmo que ocorresse o aumento da precipitação acima
da média histórica, a possibilidade do governo continuar a operação das
térmicas é mantida, para que, por questão de segurança, os reservatórios sejam
preservados para o próximo ano.
“Se viesse o dilúvio, talvez a gente tivesse
alguma chance. É a única chance para salvar essa situação”, comentou. Sobre a
alta variação entre as previsões das chuvas e o que tem sido contestado, Prado
confirma a disparidade, mas diz não ter base para avaliar a qualidade e modelo
das previsões.
Para o engenheiro Fábio Resende, diretor do
Instituto Ilumina, ainda é precoce falar de racionamento, mas revela que o
risco está aumentando à medida que as previsões de chuva não se concretizam. “À
medida que não tem chuva você vai esvaziando o reservatório... Tem que ver se
todas essas térmicas que foram contratadas têm condição de gerar. Se houver
problema na geração das térmicas também, vai faltar energia, mas por enquanto é
precoce dizer”.
Comentário do ILUMINA: Se ocorrer o
racionamento, antes que digam que a culpa é da falta de chuvas, o ILUMINA
informa qual foi a Energia Natural Afluente dos últimos anos em termos da média
de longo prazo.
Ano
|
% em relação a média de longo termo
|
2002
|
90%
|
2003
|
86%
|
2004
|
108%
|
2005
|
108%
|
2006
|
94%
|
2007
|
104%
|
2008
|
95%
|
2009
|
117%
|
2010
|
100%
|
2011
|
119%
|
2012 (até novembro)
|
79%
|
Como se pode ver, a não ser o corrente ano, S. Pedro tem sido generoso com o sistema elétrico brasileiro. Se a energia natural do sistema de dezembro repetir o pior valor desse histórico de 11 anos, o percentual de 2012 em relação à média chega a 85%, o que, não é uma desgraça.
É preciso lembrar que em 2013 os reservatórios esvaziam outra vez e, se não se conseguir enchê-los, a situação pode se repetir.
O
problema não está na ausência de chuvas, mas sim em dissidências metodológicas
entre a EPE (planejamento) e ONS (operação). Agravando a situação, apesar de
não ser admitido pelas autoridades, desconfiamos que o despacho térmico foi
adiado em função da elaboração da medida que quer reduzir tarifas da pior
maneira possível, intervindo de forma inédita e abrupta na receita das
geradoras.
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