CASTANHÃO ATINGE
2,94% DO SEU VOLUME TOTAL
A Cogerh chegou a colocar, ontem, no
Portal Hidrológico, que o açude teria atingido o volume morto.
Acesse a matéria, na íntegra, no
endereço abaixo
Honório Barbosa
14/12/2017
Para o Dnocs, o Açude atingiu o volume morto
em outubro passado ( Foto: Kid Júnior )
COMENTÁRIOS
João
Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
Seguramente, esse colapso do Castanhão é a prova mais contundente da ausência, quase que total, na gestão dos recursos hídricos do Ceará e, como de resto, de todo o Nordeste semiárido. Para que se tenha ideia disso, essa represa tem um volume equivalente a cerca de três Baías da Guanabara - são 6,7 bilhões de m³ - os quais, se bem geridos, resolveriam os problemas de abastecimento do Baixo Jaguaribe e da Grande Fortaleza, por gerações. Mas o fato concreto é que o mau uso de suas águas, aliado a um longo e preocupante período de estiagem, resultaram nesse desastre já há bastante tempo anunciado pelos técnicos especialistas nesse setor! Só resta agora rogar aos céus, para que ocorra uma quadra chuvosa diferenciada no Ceará, com chuvas acima da média, para que a represa volte a ter sua capacidade recuperada e o cearense, a indispensável segurança no acesso às suas águas interiores.
Meus Prezados,
A partir do mês de dezembro, com a quadra chuvosa da bacia do Rio São
Francisco em plena atividade, nos limitaremos a informar sobre os volumes dos
postos de observação do Rio São Francisco, a recuperação gradual das represas
de Três Marias, Sobradinho e Boqueirão de Cabaceiras, bem como a situação
volumétrica das principais represas geradoras de energia do País.
Começaram a cair fortes chuvas na
bacia do rio São Francisco. As vazões do rio começaram a subir em suas regiões
do Alto e Médio curso. As represas de Três Marias e Sobradinho estão
recuperando suas capacidades acumulatórias. Três Marias, por exemplo, está com
uma afluência de 1198 m³/s e uma defluência de 85 m³/s, fato esse que
resultou em aumento no percentual volumétrico da represa, passando de 7,78%, da
semana anterior, para 10,23% na atual. Em Sobradinho a afluência subiu mais um
pouco, passando de 780 m³/s da semana anterior, para 800 m³/s na atual. A
defluência da represa permaneceu praticamente estável de 606 m³/s. Com isso
houve um pequeno acréscimo volumétrico, passando de 2,71% da semana anterior,
para 2,92%, nessa semana. Em estiagens pretéritas, a represa de Sobradinho
depreciava seu percentual acumulatório em cerca de 1% a cada sete dias.
Atualmente, com a proibição de retirada de água pelo agronegócio, todas as
quartas-feiras, nos últimos 7 dias Sobradinho aumentou seu potencial
acumulatório em cerca de 0,21%.
As capacidades dos reservatórios das
regiões Centro Oeste/Sudeste vêm subindo gradativamente (20,32%-11/12/2017, dados ONS). Mas
esse baixo percentual ainda existente vem preocupando o poder público, ao ponto
de obrigá-lo ao acionamento das termelétricas, em socorro às
hidrelétricas. Esse fato resultou no aumento das tarifas de eletricidade
do usuário da energia, estando, atualmente, operando em bandeira vermelha. Francisco de Assis Pereira, do
Movimento Carta de Morrinhos, vem acompanhado a
elevação do nível do Rio São Francisco no período 2017/2018 (ver gráfico
abaixo). Na Paraíba, o abastecimento de água de Campina Grande voltou à
normalidade. O presidente da AESA não concordou
com a interrupção da transposição para as necessárias e indispensáveis
manutenções dos rasgos dos açudes de Poções e Camalaú, no Eixo Leste do
projeto. Segundo ele, daria para serem feitas as manutenções dos ditos rasgos,
sem haver a necessidade na interrupção dos bombeamentos. Boqueirão, atualmente,
está com cerca de 9,5% seu volume total, e continua recebendo um volume,
oriundo da transposição, de apenas 3,5 m³/s. O hidrogeólogo, José do Patrocínio Tomaz
Albuquerque, do Movimento Carta de Morrinhos, esclarece que o
volume útil da represa de Boqueirão corresponde a cerca de 1,2% de seu
percentual acumulatório total atual, de cerca de 9,5%. A exploração descontrolada das águas
subterrâneas em aquíferos do São Francisco (Urucuia e outros), bem como os usos
indevidos das águas, têm, também, interferido nas reduções volumétricas do rio. A proibição
de retirada volumétrica do São Francisco, nas quartas-feiras, continua em
vigor, bem como a política de baixas defluências de Sobradinho, de cerca de 550
m³/s médios, até abril de 2018.
A seguir, são informados os volumes que estão fluindo nos postos de
observações volumétricas do Velho Chico. No posto de São Romão, na semana
anterior estava com 641 m³/s, na atual subiu para 1244 m³/s. No de São
Francisco, que na semana anterior estava com 821 m³/s, na semana atual subiu
para 1222 m³/s; no de Bom Jesus da Lapa, que na semana anterior estava com 901
m³/s, na atual caiu para 875 m³/s e no posto de Morpará, que na semana anterior
estava com 751 m³/s, nessa semana subiu para 1086 m³/s. A afluência volumétrica
da represa de Sobradinho, que na semana anterior estava em 780 m³/s, na atual
subiu para 800 m³/s. A defluência da represa ficou estável em 606 m³/s. Com
isso, o percentual volumétrico de Sobradinho subiu um pouco. Na semana
anterior estava com 2,71% de seu volume útil. Na atual está com 2,92%. A
barragem continua com o seu percentual volumétrico com cerca de menos da metade
do volume registrado em igual período do ano anterior (atualmente 2,92% - ano
anterior 7,43%).
Na semana (11/12), o quadro ainda instável da situação hídrica e da
indefinição da manutenção no Eixo Leste da Transposição vem trazendo reflexos
preocupantes ao abastecimento de Campina Grande. O abastecimento do município e
de outros 18 de seu entorno voltou à normalidade, mesmo com os baixos volumes,
nela afluídos, de 3,5 m³/s, e os problemas nas manutenções dos rasgos dos
açudes de Poções e Camalaú e, consequentemente, de insegurança dos que habitam
àquela região. Os acréscimos volumétricos da represa inexistem ou estão
ocorrendo de forma muito lenta. Isso tem levado o paraibano a não
acreditar mais no projeto da Transposição.
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