quarta-feira, 31 de maio de 2017


Debate energético enviesado

Heitor Scalambrini Costa

Professor da Universidade Federal de Pernambuco1 

A matéria publicada na Revista Caros Amigos (no 232/2016) intitulada “Sob o mito da energia limpa” da jornalista Lillian Primi foi a motivação dos comentários que faço a seguir. Falar em energia nos aproxima de temas correlatos como economia, meio ambiente, tecnologia, modelo de sociedade. Logo, difícil, ou quase impossível encontrar consensos nesta discussão.

Todavia alguns pontos são inquestionáveis, e mesmo assim conceitos são deturpados junto a população. É o caso do uso frequente do termo “energia limpa”. Toda fonte energética ao ser convertida em outra forma produz algum tipo de resíduo, emissão, contaminação, poluição, que afeta o meio ambiente e as pessoas. Além de que as obras e instalações realizadas para o processo de geração, dentro do modelo de expansão vigente,  e mesmo a transmissão da energia, provocam danos, expulsões, privações, prejuízos, destruições de vidas e de bens muitas vezes permanentes e irreversíveis. Portanto é falso e desaconselhável o uso deste termo. Meros interesses econômicos da mídia corporativa, aliada das empresas tentam confundir quando antepõem energia limpa versus energia suja. 

Fato é que as chamadas fontes não renováveis – petróleo, gás natural, carvão e minérios radioativos são as principais responsáveis pelo aquecimento global, pelas emissões que provocam, e consequentemente, com as mudanças climáticas que ocorrem no planeta. Evidentemente, este efeito é agravado de maneira substancial pelo modo de produção e consumo da atual civilização. E aqui é ressaltado o papel nefasto do petróleo e seus derivados como o inimigo número um do aquecimento global.

 Por outro lado, as fontes renováveis de energia – sol, vento, água, biomassa são as que menos contribuem para as emissões de gases de efeito estufa, e consequentemente, para as mudanças climáticas. Mas ai tem um porém, e que foi muito bem registrado na referida matéria sobre os problemas socioambientais causados pela geração centralizada da energia eólica, e o que tudo indica também da energia solar fotovoltaica. O atual modelo de implantação e expansão destas tecnologias é tão catastrófico do ponto de vista socioambiental, como o do uso das fontes não renováveis. Neste caso a vantagem comparativa inexiste. É o que ocorre atualmente no Nordeste brasileiro com a devastação do bioma Caatinga, e com as mudanças dos modos de vida infligidas às populações que se dedicavam a pesca, coleta de mariscos, e a agricultura familiar.

Há uma discussão sobre a questão das mega hidroelétricas com a construção das barragens. Alguns gestores públicos, membros da academia, técnicos e grupos empresariais, ainda insistem na defesa de grandes e destruidores empreendimentos, onde as desvantagens superam em muito as vantagens. Os deslocamentos de milhares de pessoas acarretam danos irreversíveis a estas populações, conforme constatações históricas. Por outro lado, é consenso que as hidroelétricas também emitem uma considerável quantidade de GEE, principalmente o metano resultante da degradação microbiológica da matéria orgânica existente nos reservatórios.  Todavia, os defensores desta tecnologia, após terem que aceitar esta contastação científica, ainda tentam desqualificar aqueles que são contrários a construção de mega hidroelétricas na região Amazônica, insistindo  erroneamente em afirmar que são imprescindíveis.

Neste contexto não se pode esquecer que vivemos em um sistema capitalista, onde o lucro é o objetivo principal. E aí o vale tudo tem imperado. Desde o afrouxamento da legislação ambiental para atender aos interesses econômicos imediatos, a falta de fiscalização sobre tais empreendimentos, e os contratos draconiamos de arrendamento da terra. Em nome  da maximização do lucro, o meio ambiente e as pessoas acabam sendo prejudicadas, com o Estado se omitindo e muitas vezes incentivando práticas não condizentes com os discursos de proteção ambiental e de sustentabilidade.

Logo, os investimentos em fontes renováveis estão orientados pela lógica capitalista, e são tratados como um negócio como outro qualquer, e muito rentável, onde o lucro e a justiça são incompatíveis. É o que tem atraído fundos de pensão de outros países, empresas multinacionais e nacionais, grandes investidores particulares que encontraram no Brasil um filão para os “negócios do vento e do sol”, aliados a uma legislação que muda conforme seus interesses.

Como bem constatamos na história recente do país, o “capitalismo brasileiro” não convive com a democracia, com a justiça ambiental, com os direitos sociais. E é nesta lógica, em um país onde a informação é controlada e manipulada, que os interessses dos grupos empresariais, que se dedicam aos negócios da energia prosperam e com altas taxas de exploração. Com a inexistência plena da liberdade de imprensa, discussão junto a sociedade sobre energia para que? Energia para quem? E como produzi-la? Acabam restritas a setores acadêmicos e a poucos grupos sociais.

Verifica-se que na questão energética, em particular, na expansão das fontes renováveis de energia solar-eólica, o Estado é o maior gerador de conflitos socioambientais. Contraditóriamente, diante da função que seria de mediar os conflitos de classe, o Estado brasileiro tem lado, e favorece os grupos empresariais.

Nesta discussão, a segurança energética de um pais é assegurada pela diversidade e complementariedade. Ambas não repousam somente no duo eólico-solar, e sim em um mix de tecnologias disponíveis localmente e escolhidas dentro de critérios técnicos e socioambientais para satisfazer as necessidades dos diferentes setores da sociedade.

Parabenizo a jornalista Lillian Primi pela provocação. Lamento que na sua matéria somente alguns interesses foram representados e tiveram voz, em particular, técnicos cujas posições são bem conhecidas em prol das megahidroelétricas.

1 professor aposentado

Águas de sangria do açude de Taperoá chegam ao Santo André, diz Aesa-PB


Postado há 17 hours ago por João Suassuna

 

Joao Suassuna Meus Prezados, Segue relato da lenta e preocupante recuperação da represa de Sobradinho. As chuvas continuam caindo com baixa intensidade em todo Alto e médio São Francisco. Os bombeamentos da transposição continuam ocorrendo, é já começam a fazer parte das análises semanais de vazões do rio. A Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco encontra-se em pleno período das águas, embora com as chuvas caindo abaixo da média, principalmente nas regiões do Alto e Médio São Francisco. Com essas instabilidades na caída das chuvas, as vazões do Velho Chico, ao longo de sua bacia hidrográfica, se mantiveram estáveis, apenas com um acréscimo importante no posto de observação de Bom Jesus da Lapa. Pereira Bode Velho vem observando um fraco desempenho nas vazões do rio, que não consegue ganhar forças no seu trajeto. Há indícios, inclusive, de interferências significativas, com as retiradas de água pelo projeto da Transposição (ver gráfico abaixo). Pelos dados da Chesf, a afluência de Itaparica está 60 m³/s a menos do que a defluência de Sobradinho. Além do mais, o nível de Itaparica caiu 3% em 15 dias, e continua caindo. Permanece o alerta para a necessidade da caída de mais chuvas na bacia do rio, para a pronta recuperação, tanto da represa de Três Marias, como de Sobradinho. A estabilidade volumétrica do rio resultou, nessa semana, no seguinte cenário hidrológico: uma discreta diminuição na vazão do posto de observação de São Romão, passando de 713 m³/s, da semana anterior, para 622 m³/s, nessa semana. Discreto aumento no posto de São Francisco, passando de 517 m³/s, da semana anterior, para 789 m³/s, nessa semana. Aumento importante em Bom Jesus da Lapa, passando de 681 m³/s, da semana passada, para 1.088 m³/s nessa semana e um leve acréscimo em Morpará, que estava com 846 m³/s, na semana passada e passou para 866 m³/s, nessa semana (ver sequência dos volumes abaixo). A afluência volumétrica na represa de Sobra

Situação volumétrica dos reservatórios das hidrelétricas da CHESF – 10/03/2017

 

Estamos iniciando uma atividade semanal de informação, aos interessados, dos estágios em que se encontram os níveis de acumulações volumétricas dos principais reservatórios da Chesf, na bacia do rio São Francisco. No caso específico da região do Submédio São Francisco - local onde é gerada a maior parte da energia elétrica do Nordeste - os reservatórios, principalmente o de Sobradinho, acumulam água no período de novembro a abril, para disponibilizarem os volumes acumulados, no processo de regularização das vazões do Velho Chico, no período de maio a outubro. Estamos no dia 10/03/2017, portanto, em período no qual os reservatórios estão numa fase de acumulação volumétrica. Acompanhem a evolução desse processo, nos endereços abaixo, clicando no canal “Bacia do Rio São Francisco”.


10/03/2017

Reservatório            Data                 Afluência       Defluência          Volumes (%)
                                                         (m³/s)             (m³/s)           Atual         Ano anterior
Três Marias            09/03                    394              192           33,00           45,00
Sobradinho            09/03                 1.100              721           14,72           31,90
Itaparica                 09/03                    660              698           21,05           41,20
Xingó*                    09/03                    688              738                -                   -
* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio  d´água

03/03/2017
Reservatório            Data                 Afluência       Defluência          Volumes (%)
                                                         (m³/s)             (m³/s)           Atual         Ano anterior
Três Marias            02/03                    262              193           32,73           45,00
Sobradinho            02/03                    910              719           12,97           31,10
Itaparica                 02/03                    660              790           23,08           44,20
Xingó*                    02/03                    802              730                -                   -
* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio  d´água
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Fonte: Chesf


Fonte: ANA


 

 

Sobre o assunto

Vazão no São Francisco será reduzida no início de janeiro


 

Ibama emite nota técnica e atesta prejuízos para o São Francisco com vazão reduzida


 

 

COMENTÁRIOS

João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco

Segue relato da lenta e preocupante recuperação da represa de Sobradinho. As chuvas continuam caindo com baixa intensidade em todo Alto e médio São Francisco. Os bombeamentos da transposição continuam ocorrendo, é já começam a fazer parte das análises semanais de vazões do rio.

A Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco encontra-se em pleno período das águas, embora com as chuvas caindo abaixo da média, principalmente nas regiões do Alto e Médio São Francisco. Com essas instabilidades na caída das chuvas, as vazões do Velho Chico, ao longo de sua bacia hidrográfica, se mantiveram estáveis, apenas com um acréscimo importante no posto de observação de Bom Jesus da Lapa. Pereira Bode Velho vem observando um fraco desempenho nas vazões do rio, que não consegue ganhar forças no seu trajeto. Há indícios, inclusive, de interferências significativas, com as retiradas de água pelo projeto da Transposição (ver gráfico abaixo). Pelos dados da Chesf, a afluência de Itaparica está 60 m³/s a menos do que a defluência de Sobradinho. Além do mais, o nível de Itaparica caiu 3% em 15 dias, e continua caindo. Permanece o alerta para a necessidade da caída de mais chuvas na bacia do rio, para a pronta recuperação, tanto da represa de Três Marias, como de Sobradinho. A estabilidade volumétrica do rio resultou, nessa semana, no seguinte cenário hidrológico: uma discreta diminuição na vazão do posto de observação de São Romão, passando de 713 m³/s, da semana anterior, para 622 m³/s, nessa semana. Discreto aumento no posto de São Francisco, passando de 517 m³/s, da semana anterior, para 789 m³/s, nessa semana. Aumento importante em Bom Jesus da Lapa, passando de 681 m³/s, da semana passada, para 1.088 m³/s nessa semana e um leve acréscimo em Morpará, que estava com 846 m³/s, na semana passada e passou para 866 m³/s, nessa semana (ver sequência dos volumes abaixo). A afluência volumétrica na represa de Sobradinho aumentou um pouco nessa semana, estando em cerca de 1.100 m³/s. Na semana anterior estava na casa dos 910 m³/s. O percentual volumétrico de Sobradinho ficou praticamente estável. Na semana anterior estava em 12,97% de seu volume útil. Na atual está com 14,72%. A barragem continua com o seu percentual volumétrico menos da metade, do que aquele verificado em igual período do ano anterior (atualmente 14,72% - ano anterior 31,90%).

Na semana (10/03), com a instabilidade volumétrica registrada ao longo da bacia do rio, devido à caída de chuvas abaixo da média, somada à retirada volumétrica do projeto da transposição, é digna de nota uma provável situação de caos na represa de Sobradinho, até o final do ano em curso, caso as chuvas continuem caindo com baixa intensidade. É importante observar, também, que a continuidade das baixas defluências de Sobradinho (721 m³/s) vem agravando o quadro da progressão da cunha salina na foz do rio. Existem relatos de pescadores que estão capturando peixes de hábito marinho na região do Baixo São Francisco. A cunha salina tem trazido, também, certos transtornos no abastecimento do município alagoano de Piaçabuçu, que tem servido à população uma água de péssima qualidade, com elevados teores de sais (água salobra). Em igual situação vivem 70% da população de Aracaju, que são abastecidas com as águas do Rio São Francisco, por intermédio de uma adutora, em Propriá, município sergipano localizado em sua margem direita, a cerca de 60 km da foz.

Daqui para frente, a esperança de todos é na ocorrência de volumes de chuvas mais expressivos, em toda bacia hidrográfica do Velho Chico que garanta à normalidade da situação. Além do mais, continuaremos atentos para a questão das defluências de Sobradinho (721 m³/s) e, agora, de Três Marias (192 m³/s), pois houve determinação das autoridades do setor, para que essas defluências fiquem estabelecidas em patamares da ordem de 700 m³/s e 160 m³/s, respectivamente, conforme divulgada na mídia e atualmente praticada.

Abaixo, as informações dos postos de mensuração de vazões do rio, sob a responsabilidade da Chesf, a fim de que se tenha uma ideia dos volumes afluentes na represa de Sobradinho, nos próximos dias:

Dia 10/03: São Romão – 622 m³/s; São Francisco – 789 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.088 m³/s e Morpará – 866 m³/s.

Dia 03/03: São Romão – 713 m³/s; São Francisco – 517 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 681 m³/s e Morpará – 846 m³/s.

Dia 24/02: São Romão – 473 m³/s; São Francisco – 620 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.310 m³/s e Morpará – 1.619 m³/s.

Dia 17/02: São Romão – 1.020 m³/s; São Francisco – 1.518 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.909 m³/s e Morpará – 1.418 m³/s.

Dia 10/02: São Romão – 1.191 m³/s; São Francisco – 1.375 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 571 m³/s e Morpará – 672 m³/s.

Dia 03/02: São Romão – 384 m³/s; São Francisco – 417 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 706 m³/s e Morpará – 903 m³/s.

Dia 27/01: São Romão – 528 m³/s; São Francisco – 675 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1,201 m³/s e Morpará – 1.429 m³/s.

Dia 20/01: São Romão – 1.336 m³/s; São Francisco – 1.706 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 564 m³/s e Morpará – 616 m³/s.

Dia 13/01: São Romão – 427 m³/s; São Francisco – 394 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 593 m³/s e Morpará – 685 m³/s.

Dia 06/01: São Romão – 485 m³/s; São Francisco – 517 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 704 m³/s e Morpará – 798 m³/s.

Dia 30/12: São Romão – 603 m³/s; São Francisco – 706 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.358 m³/s e Morpará – 1.950 m³/s.

Dia 23/12: São Romão – 1.402 m³/s; São Francisco – 1.892 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 2.820 m³/s e Morpará – 2.069 m³/s.

Dia 16/12: São Romão – 1.298 m³/s; São Francisco – 1.518 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.121 m³/s e Morpará – 1.158 m³/s.

Dia 09/12: São Romão – 860 m³/s; São Francisco – 962 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.147 m³/s e Morpará – 1.453 m³/s.

Dia 02/12: São Romão – 1.110 m³/s; São Francisco – 1.427 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.577 m³/s e Morpará – 1.467 m³/s.

Dia 25/11: São Romão – 1.098 m³/s; São Francisco – 1.401 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.379 m³/s e Morpará – 1.063 m³/s.

Dia 18/11: São Romão - 796 m³/s; São Francisco - 737 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 512 m³/s e Morpará - 616 m³/s.

Dia 11/11: São Romão - 460 m³/s; São Francisco - 403 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 609 m³/s e Morpará - 660 m³/s.

Dia 04/11: São Romão - 571 m³/s; São Francisco - 575 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 632 m³/s e Morpará - 644 m³/s.

Dia 28/10: São Romão - 571 m³/s; São Francisco - 546 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 616 m³/s e Morpará - 664 m³/s.

terça-feira, 30 de maio de 2017


Situação volumétrica dos reservatórios das hidrelétricas da CHESF – 05/05/2017


Estamos iniciando uma atividade semanal de informação, aos interessados, dos estágios em que se encontram os níveis de acumulações volumétricas dos principais reservatórios da Chesf, na bacia do rio São Francisco. No caso específico da região do Submédio São Francisco - local onde é gerada a maior parte da energia elétrica do Nordeste - os reservatórios, principalmente o de Sobradinho, acumulam água no período de novembro a abril, para disponibilizarem os volumes acumulados, no processo de regularização das vazões do Velho Chico, no período de maio a outubro. Estamos no dia 05/05/2017, portanto, em período no qual os reservatórios estão numa fase de disponibilização volumétrica. Acompanhem a evolução desse processo, nos endereços abaixo, clicando no canal “Bacia do Rio São Francisco”.


05/05/2017

Reservatório            Data                 Afluência       Defluência          Volumes (%)
                                                         (m³/s)             (m³/s)           Atual         Ano anterior
Três Marias            04/05                   185              246           31,80            43,00
Sobradinho            04/05                    388             765           15,27            30,30
Itaparica                04/05                    700              686          18,29            29,80
Xingó*                    04/05                    581             707                -                   -
* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio  d´água

28/04/2017
Reservatório            Data                 Afluência       Defluência          Volumes (%)
                                                         (m³/s)             (m³/s)           Atual         Ano anterior
Três Marias            26/04                   111              248          32,19            32,00
Sobradinho            26/04                    690             767           15,89           30,80
Itaparica                26/04                    650              671          18,29           30,80
Xingó*                    26/04                    628             708                -                   -
* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio  d´água
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Fonte: Chesf


Fonte: ANA


 

 

Sobre o assunto

Vazão no São Francisco será reduzida no início de janeiro


 

Ibama emite nota técnica e atesta prejuízos para o São Francisco com vazão reduzida


 

 

COMENTÁRIOS

João Suassuna – Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco

Maio é o mês no qual se inicia o período de disponibilização das águas das represas, acumuladas no período chuvoso, para regularização hídrica da bacia do São Francisco. O agravante são os baixos volumes nelas acumulados. Nesse cenário de penúria hídrica, os bombeamentos do projeto da transposição têm agravado, ainda mais, esse quadro.

A Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco encerrou o período chuvoso, com as represas reguladoras de vazão e, também, geradoras de energia, com seus volumes muito baixos. Com a falta de chuvas, as represas de Três Marias e, agora, Sobradinho começaram a depreciar suas capacidades acumulatórias. Três Marias, por exemplo, está com uma afluência de 185 m³/s e uma defluência de 246 m³/s, fato esse que resultou na redução de seu percentual volumétrico, passando de 32,19%, na semana anterior, para 31,80%, nessa semana. Já Sobradinho está com uma afluência de 388 m³/s e uma defluência de 765 m³/s, fato que reduziu o seu percentual volumétrico de 15,89%, da semana anterior, para 15,27%, nessa semana. O município de Montes Claros, no Norte de Minas, praticamente não choveu no mês de abril (precipitação “zero”), segundo informou Gomes, nos gráficos abaixo. Doravante, a tendência é a de o rio continuar com um quadro de baixas vazões, devido à interrupção das chuvas. Para o agravamento dessa situação, o projeto da transposição continua interferido de forma negativa, com retiradas volumétricas significativas, para o atendimento das demandas hídricas da região Setentrional nordestina. A exploração descontrolada das águas subterrâneas nos aquíferos (Urucuia e outros) e, agora, na região do Submédio São Francisco, também têm interferido nas reduções das vazões do rio. Esse fato, provavelmente, está acontecendo ao longo de toda bacia do rio São Francisco (vide gráficos de Pereira Bode Velho, abaixo). A natural redução na ocorrência de chuvas na região tornará mais difícil à recuperação, tanto da represa de Três Marias, como de Sobradinho. Preocupada com isso, a ANA emitiu nota estabelecendo a redução das defluências, em ambas represas.  As fracas ou mesmo inexistentes precipitações resultaram, nessa semana, em um cenário hidrológico preocupante, com as vazões nos postos de observação da Chesf muito baixas, porém estáveis: no de São Romão, que na semana anterior estava com 421 m³/s, passou, nessa semana, para 452 m³/s. Nos demais postos, a situação não foi diferente: no de São Francisco, que na semana anterior estava com 384 m³/s, passou para 431 m³/s; no de Bom Jesus da Lapa que estava com 505 m³/s, passou para 516 m³/s e no de Morpará, que na semana anterior estava com 584 m³/s, agora se encontra com 560 m³/s, respectivamente. A afluência volumétrica na represa de Sobradinho caiu de 690 m³/s, na semana passada, para 388 m³/s nessa semana. A defluência da represa permaneceu estável, passando de 767 m³/s, da semana anterior, para 765 m³/s nessa semana. O percentual volumétrico de Sobradinho começou a cair. Na semana anterior havia sido registrado 15,89% de seu volume útil. Na atual está com 15,27%. A barragem continua com o seu percentual volumétrico cerca da metade do que aquele verificado em igual período do ano anterior (atualmente 15,27% - ano anterior 30,30%).

Uma curiosidade: em 2015, ano no qual a represa de Sobradinho alcançou, no mês de novembro, 1% de seu volume morto, no dia 08/05 daquele ano, a represa apresentava percentual volumétrico de 21,30%. No dia 05/05 de 2017, Sobradinho está com 15,27%, um fato preocupante tendo em vista o atual cenário de desidratação existente em toda bacia do rio. Portanto, o alcance do volume morto de Sobradinho, em 2017, é um fato concreto.

Na semana (05/05), o quadro atual de penúria hídrica vem trazendo reflexos negativos ao projeto da transposição. As águas do Velho Chico estão chegando na represa de Boqueirão, em volumes muito reduzidos (certa de 1,5 m³/s, apenas), o que obrigou as autoridades divulgarem nota esclarecendo o atraso para o encerramento do racionamento de água, na cidade de Campina Grande. Houve, também, incertezas da chegada da água nas torneiras dos municípios atendidos pelo projeto, motivando a população de Monteiro, na Paraíba, a protestar pela falta d´água na localidade, exigindo providências junto ao governo estadual, para as soluções cabíveis. É importante observar, também, que a continuidade das baixas defluências de Sobradinho (765 m³/s) vem agravando o quadro da progressão da cunha salina na foz do rio (ver a excelente análise de José do Patrocínio Tomaz Albuquerque, abaixo). Existem relatos de pescadores que estão capturando peixes de hábito marinho na região do Baixo São Francisco. A cunha salina tem trazido, também, certos transtornos no abastecimento do município alagoano de Piaçabuçu, que tem servido à população uma água de péssima qualidade, com elevados teores de sais (água salobra). Em igual situação vivem 70% da população de Aracaju, que são abastecidos com as águas do Rio São Francisco, por intermédio de uma adutora, em Propriá, município sergipano localizado em sua margem direita, a cerca de 60 km da foz.

Com a chegada do período de estiagem na região, é ficar na torcida para que as medidas sugeridas pela ANA, de redução das vazões de Sobradinho e Xingó, surtam os efeitos esperados, a fim de que os volumes do Velho Chico voltem a ser utilizados dentro da normalidade esperada. Para tanto, continuaremos atentos para as questões das defluências de Sobradinho (765 m³/s) e, agora, de Três Marias (246 m³/s), pois houve determinação das autoridades do setor, para que essas defluências ficassem estabelecidas em patamares da ordem de 700 m³/s e 160 m³/s, respectivamente, conforme divulgadas na mídia e atualmente praticadas.

Abaixo, as informações dos postos de mensuração de vazões do rio, sob a responsabilidade da Chesf, a fim de que se tenha uma ideia dos volumes afluentes na represa de Sobradinho, nos próximos dias:

Dia 05/05: São Romão – 452 m³/s; São Francisco – 431 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 516 m³/s e Morpará – 560 m³/s.

Dia 28/04: São Romão – 421 m³/s; São Francisco – 384 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 505 m³/s e Morpará – 584 m³/s.

Dia 24/04: São Romão – 414 m³/s; São Francisco – 375 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 520 m³/s e Morpará – 664 m³/s.

Dia 17/04: São Romão – 540 m³/s; São Francisco – 706 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 944 m³/s e Morpará – 898 m³/s.

Dia 07/04: São Romão – 540 m³/s; São Francisco – 706 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 944 m³/s e Morpará – 898 m³/s.

Dia 31/03: São Romão – 571 m³/s; São Francisco – 655 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 911 m³/s e Morpará – 805 m³/s.

Dia 24/03: São Romão – 744 m³/s; São Francisco – 821 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 616 m³/s e Morpará – 698 m³/s.

Dia 17/03: São Romão – 514 m³/s; São Francisco – 517 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 706 m³/s e Morpará – 925 m³/s.

Dia 10/03: São Romão – 622 m³/s; São Francisco – 789 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.088 m³/s e Morpará – 866 m³/s.

Dia 03/03: São Romão – 713 m³/s; São Francisco – 517 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 681 m³/s e Morpará – 846 m³/s.

Dia 24/02: São Romão – 473 m³/s; São Francisco – 620 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.310 m³/s e Morpará – 1.619 m³/s.

Dia 17/02: São Romão – 1.020 m³/s; São Francisco – 1.518 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.909 m³/s e Morpará – 1.418 m³/s.

Dia 10/02: São Romão – 1.191 m³/s; São Francisco – 1.375 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 571 m³/s e Morpará – 672 m³/s.

Dia 03/02: São Romão – 384 m³/s; São Francisco – 417 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 706 m³/s e Morpará – 903 m³/s.

Dia 27/01: São Romão – 528 m³/s; São Francisco – 675 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1,201 m³/s e Morpará – 1.429 m³/s.

Dia 20/01: São Romão – 1.336 m³/s; São Francisco – 1.706 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 564 m³/s e Morpará – 616 m³/s.

Dia 13/01: São Romão – 427 m³/s; São Francisco – 394 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 593 m³/s e Morpará – 685 m³/s.

Dia 06/01: São Romão – 485 m³/s; São Francisco – 517 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 704 m³/s e Morpará – 798 m³/s.

Dia 30/12: São Romão – 603 m³/s; São Francisco – 706 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.358 m³/s e Morpará – 1.950 m³/s.

Dia 23/12: São Romão – 1.402 m³/s; São Francisco – 1.892 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 2.820 m³/s e Morpará – 2.069 m³/s.

Dia 16/12: São Romão – 1.298 m³/s; São Francisco – 1.518 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.121 m³/s e Morpará – 1.158 m³/s.

Dia 09/12: São Romão – 860 m³/s; São Francisco – 962 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.147 m³/s e Morpará – 1.453 m³/s.

Dia 02/12: São Romão – 1.110 m³/s; São Francisco – 1.427 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.577 m³/s e Morpará – 1.467 m³/s.

Dia 25/11: São Romão – 1.098 m³/s; São Francisco – 1.401 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.379 m³/s e Morpará – 1.063 m³/s.

Dia 18/11: São Romão - 796 m³/s; São Francisco - 737 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 512 m³/s e Morpará - 616 m³/s.

Dia 11/11: São Romão - 460 m³/s; São Francisco - 403 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 609 m³/s e Morpará - 660 m³/s.

Dia 04/11: São Romão - 571 m³/s; São Francisco - 575 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 632 m³/s e Morpará - 644 m³/s.

Dia 28/10: São Romão - 571 m³/s; São Francisco - 546 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 616 m³/s e Morpará - 664 m³/s.

A propaganda enganosa como estratégia dos “negócios do vento”

 

Heitor Scalambrini Costa

Professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco

 

Toda minha vida profissional foi em defesa intransigente das fontes renováveis de energia, particularmente da energia solar e eólica. Defendia e defendo o modelo de implantação descentralizado (geração próxima do local de consumo) por entender que esta concepção de geração é a que menos afeta o meio ambiente e as pessoas.

Todavia em nosso país temos constatado que os “negócios do vento”, dentro da lógica mercantil, onde a energia é uma mera mercadoria,  a geração tem ocorrido em larga escala com parques eólicos contendo centenas de máquinas eólicas, e por conseguinte grandes superfícies de terras ocupadas. As áreas escolhidas são aquelas cujos ventos são mais forte, locais de altitude ou em áreas costeiras.

O Nordeste brasileiro concentra 80% de toda geração eólica no país, e o bioma Caatinga e as áreas costeiras são as mais impactadas. O que significa que populações ribeirinhas (pescadores e catadores de mariscos) e agricultores familiares, posseiros, sofrem as consequências das instalações em larga escala, muitas vezes privados de seu modo de vida, além da destruição ambiental provocada pela implantação em larga escala dos aerogeradores.

O que lamentavelmente não é dito pela propaganda enganosa é que NÃO existe energia limpa e de baixo custo. Energia eólica, como qualquer outra fonte energética  provoca danos socioambientais. E que o preço cobrado por MWh produzido por esta fonte energética, não leva em conta os custos socioambientais provocados.

O modelo “ofertista” de energia, tendo a frente como principal incentivador  a Empresa de Planejamento Energético (EPE), alardeia a necessidade de construção de mais e mais usinas geradoras de energia para atender a demanda do país. E neste caminho que “surfa” os negócios do vento. Hoje o setor de “marketing” deste setor, aliada a grandes grupos empresariais do setor de comunicação constitui um poderoso e eficaz instrumento inibidor do debate transparente da questão energética no país, inclusive sobre as opções adotadas.

Um exemplo desta aliança empresarial (mídia-empresas do vento)  é claramente percebida nas matérias do Jornal do Commercio de Pernambuco. Os textos difundidos a respeito da energia eólica estão muito longe de serem matérias jornalísticas. São na verdade informes publicitários de empresas ligadas aos “negócios do vento”. São alardeadas para o público leitor, informações deturpadas, tendenciosas e unilaterais.

Nem uma palavra é dada aos moradores do entorno dos parques eólicos, as entidades ambientalistas, aos sindicatos de trabalhadores rurais, a estudiosos do tema. Nem mesmo a igreja que tem denunciado, o que tornou lugar comum como consequência social da implantação dos parques eólicos, a existência dos chamados “filhos do vento”.

O que se verifica de fato é a atuação do poder econômico sobre a informação. Aliança que “empobrece” o jornalismo pernambucano/brasileiro. Que transforma jornalistas em meros reprodutores de releases das empresas interessadas em vincular sua própria “verdade”. E assim manipular a opinião pública.

Existe neste jornalismo uma transgressão da ética, nenhum compromisso com a autenticidade dos fatos, abrindo mão de qualquer abordagem de informar mostrando as “duas faces da moeda”.

Energia e meio ambiente são temas da maior importância na discussão mundial sobre  o aquecimento global. O momento vivido das mudanças climáticas e seus graves efeitos ao povo do semiárido merecem tratamento com mais seriedade e imparcialidade. E não somente como “negócios”.

 

 

Situação volumétrica dos reservatórios das hidrelétricas da CHESF – 05/05/2017


Estamos iniciando uma atividade semanal de informação, aos interessados, dos estágios em que se encontram os níveis de acumulações volumétricas dos principais reservatórios da Chesf, na bacia do rio São Francisco. No caso específico da região do Submédio São Francisco - local onde é gerada a maior parte da energia elétrica do Nordeste - os reservatórios, principalmente o de Sobradinho, acumulam água no período de novembro a abril, para disponibilizarem os volumes acumulados, no processo de regularização das vazões do Velho Chico, no período de maio a outubro. Estamos no dia 05/05/2017, portanto, em período no qual os reservatórios estão numa fase de disponibilização volumétrica. Acompanhem a evolução desse processo, nos endereços abaixo, clicando no canal “Bacia do Rio São Francisco”.


05/05/2017

Reservatório            Data                 Afluência       Defluência          Volumes (%)
                                                         (m³/s)             (m³/s)           Atual         Ano anterior
Três Marias            04/05                   185              246           31,80            43,00
Sobradinho            04/05                    388             765           15,27            30,30
Itaparica                04/05                    700              686          18,29            29,80
Xingó*                    04/05                    581             707                -                   -
* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio  d´água

28/04/2017
Reservatório            Data                 Afluência       Defluência          Volumes (%)
                                                         (m³/s)             (m³/s)           Atual         Ano anterior
Três Marias            26/04                   111              248          32,19            32,00
Sobradinho            26/04                    690             767           15,89           30,80
Itaparica                26/04                    650              671          18,29           30,80
Xingó*                    26/04                    628             708                -                   -
* - Não há percentuais acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu leito, a fio  d´água
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Fonte: Chesf

Um borbônico no ministério de Minas e Energia

 

Heitor Scalambrini Costa

Professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco

                                                                                                                 

 

Com o título “Em defesa da energia nuclear” o jornal do Commercio de Pernambuco divulgou em 6 de setembro último, uma entrevista com o filho do senador Fernando Bezerra Coelho, que tem o nome do pai, atual ministro de minas e energia, por força das circunstâncias.

Sua entrevista é de uma clareza cristalina sobre o que o “menino” pretende fazer como ministro de um dos ministérios mais estratégicos para o país. Obviamente como resposta a primeira pergunta “de quais as principais iniciativas que vai adotar?”, tratou logo de asseverar sua total ignorância para o posto que foi guindado. Confessou que seu ministério foi montado com uma equipe de pessoas ligadas ao mercado, as empresas privadas; com o intuito de gerar um ambiente favorável para o mercado. Ou seja, será somente um titere nas mãos dos grupos empresariais, das corporações, cujos interesses são somente mercantis.

Com relação a pergunta feita pelo repórter sobre sua posição quanto a energia nuclear tratou logo de desqualificar aqueles que pensam o contrário, que afirmam que o Brasil não precisa de usinas nucleares. Disse que não tem preconceito sobre esta fonte energética.

Sua resposta demonstra sua completa ignorância, à falta de conhecimento, sabedoria e instrução sobre este tema. Sua crença em elementos amplamente divulgados como falsos. E  a sua ignorância é tanta que nem sequer está em condições de saber aquilo que lhe falta.

O ministro conhece bem é como manipular seu curral eleitoral, afirmando em recente visita ao lado do seu pai, aos correligionários do sertão pernambucano, que a usina nuclear será construida em Itacuruba, e trará “desenvolvimento” , empregos e geração de renda aos moradores dos municípios do seu entorno. Isto o ministro e seu pai sabem fazer. Manipular a informação, iludir as pessoas, vender uma falsa imagem de poderoso, daquele que decide.

A energia nuclear para fins energéticos é totalmente desnecessária ao país para sua segurança energética. Esta justificativa de que ela é a salvação contra o “apagão” é trazido a tona, de tempos em tempos, por aqueles que defendem esta fonte de energia por interesses outros, muitas vezes nada republicanos.

O custo de uma usina de 1.000 MW está em torno de 15 bilhões de reais (se não houver atrasos nas obras). Pense numa obra desta magnitude no Brasil que tenha sido entregue em dia, sem novos aditivos? Sem propinas das empreiteiras. O custo da energia para o consumidor é tão caro que se não fosse os subsídios do governo (de todos nós) seria proibitivo comparado com outras tecnologias de geração de energia elétrica. Os custos são camuflados, não se leva em conta nos custos os danos ambientais do ciclo do combustível, e nem o descomissionamento da usina depois de cumprido sua vida útil.

Caso haja vazamento de material radioativo, ai sim que a coisa complica.  Material radioativo disperso na natureza contamina o ar, a água, o solo e subsolo por tempo indeterminado. No desastre de Fukushima fala-se em 40 anos para a descontaminação, e várias dezenas de bilhões de dólares. Nenhuma seguradora do mundo aceita assegurar uma usina nuclear. É o próprio Estado que tem que assegurar a usina para caso de acidentes.

Quanto ao material radioativo produzido nas reações nucleares, aqueles de maior radioatividade, ainda não se sabe o que fazer com eles. Como armazená-los definitivamente. O popular “lixo” fica como presente para as gerações futuras. Belo presente, não senhor ministro.

E assim vai os aspectos negativos de uma usina nuclear, hoje repudiada por vários países do mundo. 

Portanto, aqueles que defendem que o país não precisa de energia nuclear não tem nenhum preconceito. Suas posições são determinadas pelo conhecimento dos impactos causados por tal tecnologia. Diferente do senhor ministro que nada sabe sobre este assunto, e de outros do ministério que ocupa. Que seja rápido sua passagem para o bem do país.

Para um desenvolvimento sustentável, voltado para o bem de todos, da pessoa humana e da natureza, em um país como o Brasil com tantas opções de produção de energias renováveis, a energia nuclear não passará.

Aventura Selvagem em Cabaceiras - Paraíba

Rodrigo Castro, fundador da Associação Caatinga, da Asa Branca e da Aliança da Caatinga

Bioma Caatinga

Vale do Catimbau - Pernambuco

Tom da Caatinga

A Caatinga Nordestina

Rio São Francisco - Momento Brasil

O mundo da Caatinga