Situação
volumétrica dos reservatórios das hidrelétricas da CHESF – 05/05/2017
Estamos iniciando uma atividade semanal de informação, aos interessados, dos
estágios em que se encontram os níveis de acumulações volumétricas dos
principais reservatórios da Chesf, na bacia do rio São Francisco. No caso
específico da região do Submédio São Francisco - local onde é gerada a maior
parte da energia elétrica do Nordeste - os reservatórios, principalmente o de
Sobradinho, acumulam água no período de novembro a abril, para disponibilizarem
os volumes acumulados, no processo de regularização das vazões do Velho Chico,
no período de maio a outubro. Estamos no dia 05/05/2017, portanto, em
período no qual os reservatórios estão numa fase de disponibilização
volumétrica. Acompanhem a evolução desse processo, nos endereços abaixo,
clicando no canal “Bacia do Rio São Francisco”.
05/05/2017
Reservatório
Data
Afluência Defluência
Volumes (%)
(m³/s)
(m³/s)
Atual Ano anterior
Três
Marias
04/05
185
246
31,80
43,00
Sobradinho
04/05
388
765
15,27 30,30
Itaparica
04/05
700 686
18,29
29,80
Xingó*
04/05
581
707
-
-
* - Não há percentuais
acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu
leito, a fio d´água
28/04/2017
Reservatório
Data
Afluência Defluência
Volumes (%)
(m³/s)
(m³/s)
Atual Ano anterior
Três
Marias
26/04
111
248
32,19 32,00
Sobradinho
26/04
690
767
15,89 30,80
Itaparica
26/04
650 671
18,29
30,80
Xingó*
26/04
628
708
-
-
* - Não há percentuais
acumulados, tendo em vista o rio correr, em seu
leito, a fio d´água
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Fonte: Chesf
Fonte: ANA
Sobre o
assunto
Vazão no São Francisco será
reduzida no início de janeiro
Ibama emite nota técnica e
atesta prejuízos para o São Francisco com vazão reduzida
COMENTÁRIOS
João Suassuna – Pesquisador da
Fundação Joaquim Nabuco
Maio é o mês
no qual se inicia o período de disponibilização das águas das represas,
acumuladas no período chuvoso, para regularização hídrica da bacia do São
Francisco. O agravante são os baixos volumes nelas acumulados. Nesse cenário de
penúria hídrica, os bombeamentos do projeto da transposição têm agravado, ainda
mais, esse quadro.
A Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
encerrou o período chuvoso, com as represas reguladoras de vazão e, também,
geradoras de energia, com seus volumes muito baixos. Com a falta de chuvas, as
represas de Três Marias e, agora, Sobradinho começaram a depreciar suas
capacidades acumulatórias. Três Marias, por exemplo, está com uma afluência de 185
m³/s e uma defluência de 246 m³/s, fato esse que resultou na redução de seu
percentual volumétrico, passando de 32,19%, na semana anterior, para 31,80%,
nessa semana. Já Sobradinho está com uma afluência de 388 m³/s e uma defluência
de 765 m³/s, fato que reduziu o seu percentual volumétrico de 15,89%, da semana
anterior, para 15,27%, nessa semana. O município
de Montes Claros, no Norte de Minas, praticamente não choveu no mês de abril
(precipitação “zero”), segundo informou Gomes, nos gráficos abaixo. Doravante,
a tendência é a de o rio continuar com um quadro de baixas vazões, devido à
interrupção das chuvas. Para o agravamento dessa situação, o projeto da transposição
continua interferido de forma negativa, com retiradas volumétricas
significativas, para o atendimento das demandas hídricas da região Setentrional
nordestina. A exploração descontrolada das
águas subterrâneas nos aquíferos (Urucuia e outros) e, agora, na região do
Submédio São Francisco, também têm interferido nas reduções das vazões do rio.
Esse fato, provavelmente, está acontecendo ao longo de toda bacia do rio São
Francisco (vide gráficos de Pereira Bode Velho, abaixo). A natural redução na ocorrência de chuvas
na região tornará mais difícil à recuperação, tanto da represa de Três
Marias, como de Sobradinho. Preocupada com isso, a ANA emitiu
nota estabelecendo a redução das defluências, em ambas represas. As
fracas ou mesmo inexistentes precipitações resultaram, nessa semana, em um
cenário hidrológico preocupante, com as vazões nos postos de observação da
Chesf muito baixas, porém estáveis: no de São Romão, que na semana anterior
estava com 421 m³/s, passou, nessa semana, para 452 m³/s. Nos demais postos, a
situação não foi diferente: no de São Francisco, que na semana anterior estava
com 384 m³/s, passou para 431 m³/s; no de Bom Jesus da Lapa que estava com 505
m³/s, passou para 516 m³/s e no de Morpará, que na semana anterior estava com
584 m³/s, agora se encontra com 560 m³/s, respectivamente. A afluência
volumétrica na represa de Sobradinho caiu de 690 m³/s, na semana passada, para
388 m³/s nessa semana. A defluência da represa permaneceu estável, passando de
767 m³/s, da semana anterior, para 765 m³/s nessa semana. O percentual volumétrico de Sobradinho começou a cair.
Na semana anterior havia sido registrado 15,89% de seu volume útil. Na atual
está com 15,27%. A barragem continua com o seu percentual volumétrico cerca da
metade do que aquele verificado em igual período do ano anterior (atualmente
15,27% - ano anterior 30,30%).
Uma curiosidade: em 2015, ano no qual a represa de
Sobradinho alcançou, no mês de novembro, 1% de seu volume morto, no dia 08/05
daquele ano, a represa apresentava percentual volumétrico de 21,30%. No dia
05/05 de 2017, Sobradinho está com 15,27%, um fato preocupante tendo em vista o
atual cenário de desidratação existente em toda bacia do rio. Portanto, o
alcance do volume morto de Sobradinho, em 2017, é um fato concreto.
Na semana (05/05), o quadro atual
de penúria hídrica vem trazendo reflexos negativos ao projeto da transposição.
As águas do Velho Chico estão chegando na represa de Boqueirão, em volumes
muito reduzidos (certa de 1,5 m³/s, apenas), o que obrigou as autoridades divulgarem nota esclarecendo
o atraso para o encerramento do racionamento de água, na cidade de Campina
Grande. Houve, também, incertezas
da chegada da água nas torneiras dos municípios atendidos pelo projeto,
motivando a população de Monteiro, na Paraíba, a protestar
pela falta d´água na localidade, exigindo providências junto ao governo
estadual, para as soluções cabíveis. É
importante observar, também, que a continuidade das baixas defluências de
Sobradinho (765 m³/s) vem agravando o quadro da progressão da cunha salina na
foz do rio (ver a excelente análise de José do Patrocínio Tomaz Albuquerque,
abaixo). Existem relatos de pescadores que estão capturando peixes de hábito marinho na região do Baixo São Francisco. A cunha salina
tem trazido, também, certos transtornos no abastecimento do município alagoano
de Piaçabuçu,
que tem servido à população uma água de péssima qualidade, com elevados teores
de sais (água salobra). Em igual situação vivem 70% da população de Aracaju, que são abastecidos com as águas do
Rio São Francisco, por intermédio de uma adutora, em Propriá, município
sergipano localizado em sua margem direita, a cerca de 60 km da foz.
Com a chegada do período de estiagem na
região, é ficar na torcida para que as medidas sugeridas pela ANA, de redução
das vazões de Sobradinho e Xingó, surtam os efeitos esperados, a fim de que os
volumes do Velho Chico voltem a ser utilizados dentro da normalidade esperada.
Para tanto, continuaremos atentos para as questões das defluências de
Sobradinho (765 m³/s) e, agora, de Três Marias (246 m³/s), pois houve
determinação das autoridades do setor, para que essas defluências ficassem
estabelecidas em patamares da ordem de 700 m³/s e 160 m³/s, respectivamente,
conforme divulgadas na mídia e atualmente praticadas.
Abaixo, as
informações dos postos de mensuração de vazões do rio, sob a responsabilidade
da Chesf, a fim de que se tenha uma ideia dos volumes afluentes na represa de
Sobradinho, nos próximos dias:
Dia 05/05: São
Romão – 452 m³/s; São Francisco – 431 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 516 m³/s e
Morpará – 560 m³/s.
Dia 28/04: São
Romão – 421 m³/s; São Francisco – 384 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 505 m³/s e
Morpará – 584 m³/s.
Dia 24/04: São
Romão – 414 m³/s; São Francisco – 375 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 520 m³/s e
Morpará – 664 m³/s.
Dia 17/04: São
Romão – 540 m³/s; São Francisco – 706 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 944 m³/s e
Morpará – 898 m³/s.
Dia 07/04:
São Romão – 540 m³/s; São Francisco – 706 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 944 m³/s e
Morpará – 898 m³/s.
Dia 31/03:
São Romão – 571 m³/s; São Francisco – 655 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 911 m³/s e
Morpará – 805 m³/s.
Dia 24/03:
São Romão – 744 m³/s; São Francisco – 821 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 616 m³/s e
Morpará – 698 m³/s.
Dia 17/03:
São Romão – 514 m³/s; São Francisco – 517 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 706 m³/s e
Morpará – 925 m³/s.
Dia 10/03:
São Romão – 622 m³/s; São Francisco – 789 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.088 m³/s
e Morpará – 866 m³/s.
Dia 03/03:
São Romão – 713 m³/s; São Francisco – 517 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 681 m³/s e
Morpará – 846 m³/s.
Dia 24/02:
São Romão – 473 m³/s; São Francisco – 620 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.310 m³/s
e Morpará – 1.619 m³/s.
Dia 17/02:
São Romão – 1.020 m³/s; São Francisco – 1.518 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.909
m³/s e Morpará – 1.418 m³/s.
Dia 10/02:
São Romão – 1.191 m³/s; São Francisco – 1.375 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 571
m³/s e Morpará – 672 m³/s.
Dia 03/02:
São Romão – 384 m³/s; São Francisco – 417 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 706 m³/s e
Morpará – 903 m³/s.
Dia 27/01:
São Romão – 528 m³/s; São Francisco – 675 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1,201 m³/s
e Morpará – 1.429 m³/s.
Dia 20/01:
São Romão – 1.336 m³/s; São Francisco – 1.706 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 564
m³/s e Morpará – 616 m³/s.
Dia 13/01:
São Romão – 427 m³/s; São Francisco – 394 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 593 m³/s e
Morpará – 685 m³/s.
Dia 06/01:
São Romão – 485 m³/s; São Francisco – 517 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 704 m³/s e
Morpará – 798 m³/s.
Dia 30/12:
São Romão – 603 m³/s; São Francisco – 706 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.358 m³/s
e Morpará – 1.950 m³/s.
Dia 23/12:
São Romão – 1.402 m³/s; São Francisco – 1.892 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 2.820
m³/s e Morpará – 2.069 m³/s.
Dia 16/12:
São Romão – 1.298 m³/s; São Francisco – 1.518 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.121
m³/s e Morpará – 1.158 m³/s.
Dia 09/12:
São Romão – 860 m³/s; São Francisco – 962 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.147 m³/s
e Morpará – 1.453 m³/s.
Dia 02/12:
São Romão – 1.110 m³/s; São Francisco – 1.427 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.577
m³/s e Morpará – 1.467 m³/s.
Dia 25/11:
São Romão – 1.098 m³/s; São Francisco – 1.401 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 1.379
m³/s e Morpará – 1.063 m³/s.
Dia 18/11:
São Romão - 796 m³/s; São Francisco - 737 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 512 m³/s e
Morpará - 616 m³/s.
Dia 11/11:
São Romão - 460 m³/s; São Francisco - 403 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 609 m³/s e
Morpará - 660 m³/s.
Dia 04/11:
São Romão - 571 m³/s; São Francisco - 575 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 632 m³/s e
Morpará - 644 m³/s.
Dia 28/10:
São Romão - 571 m³/s; São Francisco - 546 m³/s; Bom Jesus da Lapa – 616 m³/s e
Morpará - 664 m³/s.