Reservatórios de hidrelétricas já têm nível próximo ao da época do apagão.
Grandes empresas consumidoras de energia vão pedir ao governo uma avaliação detalhada sobre o risco de uma nova falta de energia elétrica.
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Grandes empresas consumidoras de energia vão pedir ao governo uma avaliação detalhada sobre o risco de o Brasil enfrentar um apagão.
Foi o terceiro mês seguido de queda. A quantidade de água dos reservatórios nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que abastecem 70% do país, vem baixando desde o início da temporada de chuvas: 43% da capacidade de armazenamento em dezembro do ano passado; 40% em janeiro deste ano e 34% agora em fevereiro. É um nível semelhante ao de fevereiro de 2001, ano do racionamento, quando os reservatórios estavam com 33% da capacidade.
Para o especialista Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, além das chuvas irregulares que não encheram os reservatórios este ano, a nossa capacidade de armazenar água para gerar energia não é a mesma.
“Entre 2000 e 2001, a nossa capacidade total de armazenamento era suficiente para cerca de seis meses e meio do nosso consumo. Hoje em dia, a nossa capacidade total de armazenamento é suficiente para cerca de quatro meses, quatro meses e meio do nosso consumo. Ou seja, a relevância da nossa capacidade de armazenamento diminuiu diante do nível de consumo”, explica.
Para manter a oferta de energia e poupar a água dos reservatórios, todas as térmicas começaram o ano ligadas. A energia gerada por essas usinas, que usam combustíveis como gás natural e óleo diesel, já chega a 16 mil megawatts. Mas o uso das térmicas tem limite. A produção máxima é de 21 mil megawatts. Por isso, os grandes consumidores de energia, como fábricas e siderúrgicas, querem saber do governo mais detalhes sobre o risco de faltar energia e devem entregar ao Ministério de Minas e Energia, na quinta-feira (6), um documento em que demonstram preocupação.
O ministro Edison Lobão reafirmou que o governo não trabalha com a hipótese de desabastecimento e que espera que as chuvas de março e abril tragam uma situação mais confortável.
COMENTÁRIOS
João Suassuna - Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, Recife
O ministro de Minas e energia, Edison Lobão, não tem passado tranquilidade aos brasileiros: ao contrário, tem se preocupado, única e exclusivamente, em afirmar, por diversas vezes, que o País não irá ter racionamento de energia elétrica, mesmo estando a situação dos reservatórios em estado de penúria hídrica. E, ainda mais, a pluviometria brasileira teima em desmentir sua excelência. O descompasso na caída das chuvas tornou-se uma constante. Já seria de bom termo, que as autoridades do setor elétrico começassem a se preocupar, com a possibilidade da criação de novo Ministério do Apagão, como aquele que foi necessário para o enfrentamento da crise energética de 2001. Sobre essa questão, é importante destacar que a crise energética trouxe uma lição para o país. A de que, com planejamento, coordenação e envolvimento da opinião pública, é possível obter resultados satisfatórios, em qualquer área do conhecimento. No caso específico do chamado Ministério do Apagão, daquela época do racionamento de energia, foi definido um objetivo: a redução do consumo de energia dos brasileiros. Depois, definiu-se uma meta: reduzir em 20% o consumo de cada cidadão e, posteriormente, definiram-se as ações, com cada consumidor recebendo a sua cota de consumo de energia. O coordenador do Ministério, Pedro Parente, ao divulgar, semanalmente, os resultados obtidos com aquelas medidas, ajudou a criar o necessário envolvimento de toda a população brasileira no assunto, tornando possível, com o plano, livrar o país dos chamados desligamentos programados (apagões). Seria uma medida prudente, no governo Dilma, a de se estabelecer canais junto a população brasileira, para a adoção de medidas semelhantes. O povo iria agradecer bastante!
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por João Suassuna — Última modificação 07/03/2014 08:49