quarta-feira, 29 de setembro de 2010

MISTÉRIOS DA SERRA DA CAPIVARA.

3/8/2010 16:24:00

Nas Cuestas arenito – conglomeráticas da Gurguéia, curiosas figuras pintadas com óxido de ferro e caulinita chamaram a atenção dos primeiros forasteiros da região que reconheceram nas pinturas o semblante de um animal que não faz parte da fauna local e que por isso era motivo de mistério para quem se perguntava por que aquela figura estava lá?
A figura misteriosa era uma capivara, animal que vive em beira de lagos e locais úmidos, uma paisagem muito diferente do sertão seco piauiense. Tal ineditismo emprestou o nome ao local: Serra da Capivara.

A Serra da Capivara fica no sudoeste do estado do Piauí, próximo ao estado da Bahia, e hoje compreende os municípios de São Raimundo Nonato, Coronel José Dias e Canto do Buriti. Esta Serra, que na verdade é uma Cuesta, sempre chamou a atenção dos forasteiros por ser uma paisagem de exceção em meio ao semi-árido Nordestino.

O Domínio Geomorfoclimático das Caatingas é segundo Aziz Ab´Sáber um ambiente seco, com médias anuais de pluviosidade de apenas 200 mm de chuvas mal distribuídas ao longo do ano, temperaturas elevados, com médias de 25º a 29º graus numa área que cobre 720 mil quilômetros quadrados, 10% do território brasileiro.

As causas da escassez de precipitação no nordeste brasileiro não são inteiramente explicadas. O geógrafo Jurandir Ross atribui a seca do nordeste à uma grande célula de alta pressão sobre a região que dificulta a penetração da massa de ar equatorial continental, da tropical marítima e da frente polar atlântica que seriam mecanismos geradores de instabilidades, porém acabam dissipados pela divergência anticiclônica estacionada sobre a região. O oceano também pode influenciar na determinação do clima, uma vez que as águas do Atlântico Equatorial são mais frias que as do sul do Equador por que são alimentadas pela corrente de Benguela. O giro anticiclônica da massa oceânica do atlântico sul transporta essas águas para latitudes mais baixas, provocando redução de chuvas nas áreas que influenciam.

O ambiente natural deste grande espaço ao longo de milhares de anos forçou da vegetação uma evolução à exposição severa do calor, seca, e alta luminosidade, além dos solos é claro. A caatinga se caracteriza por conter espécies espinhentas, adaptadas para perder pouca água pela evapo-transpiração, há a presença de centenas de espécies de plantas carnosas como cactáceas e bromeliáceas, que retém o máximo de água possível para resistir longas estiagens, muitas espécies arbóreas são caducifólias, as folhas caem na seca para não perder muita água. A maioria das árvores não desenvolve um grande porte.

Os rios são na maioria intermitentes, tendo curso d´águas somente na época das chuvas.

Em linhas gerais, a fitogeografia da Serra da Capivara se enquadra dentro do bioma caatinga. No entanto, o relevo local influencia na umidade e o quadro fitogeográfico da Serra da Capivara é bastante complexo devido a influência da geomorfologia.

A geomorfologia e a fitogeografia da Serra da Capivara.

A Serra da Capivara encontra-se no contato litológico entre o escudo cristalino pré-cambriano da depressão do médio São Francisco e a bacia sedimentar Piauí – Maranhão.

A porção litológica sedimentar da região é a que possui as cotas altimétricas mais elevadas, resultante de ações tectônicas no Mesozóico e que veio a formar um relevo cuestiforme, com um front voltado à depressão cristalina e um reverso suavemente inclinado. As ações intempéricas do clima moldaram o relevo esculpindo canyons no planalto (reverso da Cuesta) e morros testemunhos..

A porção cristalina do Parque Nacional Serra da Capivara, situada em frente ao planalto, é a parte de menor altitude da região. As águas que escoam da Cuesta formam riachos, intermitentes na maior parte do ano, que deságuam no rio Piauí, a drenagem mais importante da região e que corta a cidade de São Raimundo Nonato. Esta unidade de relevo é chamada de depressão do médio São Francisco, uma pediplanície onde se elevam Inselbergs de Gnaisse e serrotes de calcário com grutas.

As Cuestas agem como uma barreira orográfica. Em seu sopé, a caatinga dá espaço à manchas de floresta estacional semidecidual, com um porte arbóreo elevado, assim como no interior dos canyons, onde a umidade é preservada, na região do planalto, nos locais onde o aflora o lençol freático predominam as chamadas veredas com concentração de Buritizais.

A presença de manchas da vegetação dos biomas mata – atlântica e cerrado são justificadas pela topografia preservar a umidade e as condições pedológicas que favorecem o desenvolvimento destas vegetações. No entanto, a Serra da Capivara se encontra isolada geograficamente das áreas onde se desenvolvem as áreas core destes ecossistemas.

A explicação para o aparecimento destas vegetações na Serra da Capivara se remete à uma idade anterior ao Pleistoceno, quando o quadro vegetacional da América do Sul era bem diferente da atual.

A teoria dos refúgios e o complexo quadro vegetacional da Serra da Capivara

A complexidade dos ecossistemas tropicais sul-americanos tem sido explicada pela Denominada “teoria dos refúgios”, que vem se consolidando, segundo Ab´Saber como o mais importante corpo de idéias referentes aos mecanismos e padrões de distribuição de floras e faunas da América Tropical, tanto pelo que ela envolve de significância biogeográfica e ecológica, quanto pela sua própria experiência de multidisciplinaridade, na interface das geociências e biociências.

A idéia síntese que embasa a teoria dos refúgios é, segundo Adler Viadana:

[...] a que flutuações climáticas da passagem para uma fase mais seca e fria durante o pleistoceno terminal, a biota de florestas tropicais ficou retraída às exíguas áreas de permanência da umidade, a constituir os refúgios e sofrer, portanto, diferenciação resultante deste isolamento. A expansão destas manchas florestadas tropicais, em conseqüência da retomada da umidade do tipo climático que se impôs ao final do período seco e mais frio, deixou setores de maior diversidade e endemismos como evidência dos refúgios que atuaram no Pleistoceno terminal.

A razão da existência de um clima mais seco e frio no passado está relacionada à glaciação Würm-Wisconsin. Com esta glaciação, houve uma drástica redução da temperatura média do planeta, como conseqüência, os pólos reteram muito mais água sob a forma de gelo e o nível médio dos mares recuou deixando exposta grandes faixas de terras antes ocupadas pelo mar.

A corrente fria das Malvinas ganhou mais intensidade e chegava até o atual litoral Sul baiano. Toda a faixa litorânea do Brasil Sul e Sudeste passou a ter influência desta corrente fria que de maneira semelhante como ocorre hoje nos litorais do pacifico da América do Sul, essas faixas de terra, dentre as quais a atual plataforma marinha que então aflorava, eram espaços secos que criaram condições para que as caatingas do nordeste se propagassem.

Com esta sensível mudança climática os quadros vegetacionais da América do Sul sofreram uma reconfiguração. Assim, segundo Ab´Saber (1977), as florestas úmidas do litoral atlântico ficaram refugiadas, permanecendo em escarpas mais úmidas de maneira descontinua na Serra do Mar. As temperaturas mais baixas proporcionaram uma expansão das florestas de Araucária para Áreas interiores dos Estados de Sul e Sudeste, além das vegetações de prados de altitude. Os Cerrados resistiram ao avanço das caatingas, que se propagaram pelas novas faixas de terras afloradas no litoral, avançando sobre depressões e os locais mais áridos do sul e sudeste. A Amazônia, por sua vez sofreu uma retração e boa parte de seus atuais espaços foram invadidos por Cerrados.

Com a retomada do clima mais quente, os processos se inverteram, a umidade passou a favorecer a sobrevivência da vegetação então refugiada que volta a ocupar os espaços então ocupados pelos climas mais secos. A retração e avanço dos grandes ecossistemas sul-americanos são responsáveis em grande parte pela riqueza biológica de nossos meios naturais, pois mesmo com a retomada da umidade, muito da vegetação anterior sobreviveu nos locais onde se preservaram um ambiente favorável à seu desenvolvimento.

Realizando estudos paleopalinológicos encontrados nos coprólitos (cocô fossilizado) de homens e animais da Serra da Capivara, Chaves (2002) confirma a existência de um clima mais úmido que o atual para a região:

[...] entre 845 e 7230 anos atrás, constatou-se a atenuação da última crise árida holocênica. Nesta época a paisagem da região de São Raimundo Nonato era muito diferente da que conhecemos hoje em dia. Os diagramas polínicos mostram uma forte percentagem da taxa de arbóreos, assim como de associações típicas que confirmam a existência de uma vegetação do tipo Cerrado - Cerradão.

Outras provas morfológicas provam a presença de um clima mais úmido na região. Em escavações realizadas por Gisele Felice reporta que em camadas de formação superficial inferiores foram encontrados seixos e areias grossas em trincheiras localizadas na baixa vertente, o que significa uma maior energia pluvial capaz de transportar materiais mais pesados, o que atesta um período de maior precipitação enquanto que nas camadas superficiais encontram-se areias grossas, médias finas e argilas, correlativa à depósitos realizados sob o clima atual. Aproxima-se que na época da predominância dos Cerrados na Serra da Capivara a média pluviométrica anual era de cerca de 1500mm de chuvas.

As chuvas e a grande presença de água no passado foi responsável pelo esculturação de sulcos nas paredes da Cuesta onde antes corriam páleo cachoeiras, assim como marmitas (sulcos provocados pela queda d´água) na base dos paredões.

A abundância de recursos e a vegetação serviram de aporte ao desenvolvimento de comunidades humanas pré-históricas que habitaram densamente a região e que reabriram os debates sobre a origem do povoamento humano nas Américas.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

CARUARU GANHA HORTO NO DIA DA ÁRVORE.

DO DIÁRIO DE PERNAMBUCO.

Agreste // Área de 30 hectares na BR-232 vai servir de abrigo para espécies do Semiárido que estão ameaçadas de extinção
Adaíra Sene
adairasene.pe@dabr.com.br

Encontrar a cura para diversas doenças, garantir o desenvolvimento sustentável e preservar o meio ambiente são ações que podem estar ao alcance de suas mãos. É com esta filosofia que a indústria farmacêutica Hebron inaugurou, ontem pela manhã, o Horto Florestal de Caruaru. A data não poderia ser mais propícia, 21 de setembro, Dia da Árvore.

Plantio de 70 espécies selecionadas pelo Instituto Agronômico de Pernambuco começou ontem e meta do Laboratório Hebron é concluir todo o trabalho em dois anos. Fotos: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press
Com o plantio de 70 espécies típicas da caatinga, em uma área de 30 hectares, o laboratório tem um objetivo: não deixar que a vegetação genuína do Semiárido entre em extinção. Segundo dados do Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas (Crad), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), nos últimos cinco anos, cerca de 40% da cobertura vegetal do bioma desapareceram. O Horto Florestal de Caruaru, implantado no quilômetro 136 da BR-232, no Agreste do estado, vai servir de abrigo para espécies ameaçadas de extinção. Mais do que preservar, o local também servirá para a realização de pesquisas de material genético visando o combate à desertificação. "Somos pioneiros na produção de medicamentos fitoterápicos. Temos um bioma único no mundo em vias de sumir. Vamos preservar e também pesquisar essas espécies", salientou o diretor presidente do Hebron, Josimar Henrique da Silva.

A iniciativa foi uma parceria entre o Instituto Agronômico de Pernambuco (Ipa) e a Univasf. As 70 espécies foram selecionadas pelo Ipa obedecendo critérios de importância no combate à degradação do solo e do uso medicinal. "O Ipa tem o maior herbário da América Latina. Fizemos a pesquisa das espécies em 30 dias. Todas serão alvos de preservação e estudo. Estamos inaugurando mais do que um horto, um centro de referência", afirmou o gerente de planejamento do Ipa Hildeberto Rodrigues da Silva. Universitários e pesquisadores de todo o mundo poderão utilizar o cinturão verde para estudos do código genético de espécies como a baraúna, o umbuzeiro, a catingueira e a aroeira. "Vamos utilizar o material genético para desenvolver pesquisas clínicas epré-clínicas. Já trabalhamos na produção de medicamentos e queremos continuar com o trabalho, aproveitando a diversidade oferecida na região", comentou Josimar Henrique. A Univasf foi a responsável pelo desenvolvimento das mudas que serão plantadas.

No Ano Internacional da Biodiversidade, a preservação é objetivo maior dos pesquisadores. "As estatísticas relacionadas à caatinga são alarmantes. Estamos desenvolvendo tecnologia para a produção das sementes. Vamos transformar uma área completamente degradada em área verde. Este é o desafio de todo cidadão e estamos de esperanças renovadas", disse o professor doutor José Alves de Siqueira, diretor do Crad. O vice-coordenador do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga, Guaraci Cardoso, acredita que iniciativas como esta são essenciais para a manutenção da vida, o desenvolvimento sustentável e o combate ao aquecimento global. "O comitê já é focado na preservação. Estamos encontrando um parceiro multiplicador para a sobrevivência do semi-árido", comentou.

Zoológico - Estudos também estão sendo realizados para a criação de um zoológico da caatinga no Horto. O prefeito de Caruaru, José Queiroz, esteve na cerimônia de inauguração e avalia a possibilidade de se agregar um açude à área para a manutenção também de espécies animais. "Esta é uma iniciativa que entrará para a história do município. Cada um faz a sua parte". Até o fim desta semana serão plantadas 3.600 plantas de 25 espécies distintas em uma área de dois hectares. As demais mudas serão plantadas ao longo de dois anos.

UM NOVO OLHAR SOBRE A CAATINGA.

Do Jornal do Povo.
25.09.2010 17:00

VIVIANE GONÇALVES
vivi@opovo.com.br
Enviada a Campina Grande
Um novo olhar precisa ser lançado sobre o semiárido e, em especial, a caatinga. A imagem de uma área sem perspectivas produtivas e sociais pode ser substituída por uma cheia de possibilidades e riquezas naturais. A partir da criação de uma agência de notícias, o Instituto Nacional do Semiárido (Insa) pretende evidenciar as potencialidades da região, contemplando a diversidade de conhecimento adquirido através da vivência. A Agência de Notícias do Semiárido Brasileiro (SAB) foi oficializada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) para reunir todas as informações sobre a região. A plataforma virtual, no endereço www.insa.gov.br/sabnoticias, vai possibilitar que o tema seja compartilhado para diferentes grupos de interesse.

Atualmente, são 982 mil quilômetros de extensão e mais de 21 milhões de pessoas vivendo no semiárido brasileiro. E pouco se sabe sobre a sua dinâmica. A criação de uma sede e de uma estação experimental para o Instituto também faz parte do projeto de difusão de conhecimento sobre o semiárido. São 760 hectares disponíveis para os projetos do Insa, em Campina Grande, na Paraíba. Desse total, 2.400 metros quadrados de área para a construção de seis prédios, que vão abrigar a parte administrativa do instituto. As obras de construção e compra de equipamentos estão orçadas em quase R$ 10 milhões e devem ser concluídas até o fim do ano.

De acordo com o diretor do Insa, Roberto Germano Costa, este deve ser um referencial para os estudos sobre o tema. “É um marco na nossa história porque está sendo criado um braço do MCT dentro de uma região semiárida”, afirma. Baseado no paradigma das potencialidades, serão criados também o Observatório, o Fórum e a Conferência do Semiárido Brasileiro. “A partir desses novos instrumentos vamos desenvolver novas estratégias para um problema que não é só de uma região, mas que atende ao desenvolvimento social do País como um todo”, diz.

Bioma
Para o pesquisador José de Souza Silva, não se pode superar situações complexas com os mesmos modos de interpretação e intervenção que as geraram. Ele explica que a forma de ver o bioma condiciona a forma de intervir nele para transformá-lo. “Esta não deve ser considerada uma região problema. Outra visão e outro pensamento sobre o semiárido devem ser negociados e construídos de forma interativa”, ressalta.

O diretor do Insa completa que a criação da agência Sab, da sede e da estação experimental do Insa devem ser considerados como pontos de radiação sobre o semiárido. “Não vamos fazer o que já está sendo realizado, nossa intenção não é sobrepor nenhum projeto que já exista. A intenção é criar parceiros, potencializar pesquisas e reforçar novos conhecimentos para a região”, resume Germano.

EMAIS

Desde a criação do Insa, em 2007, são desenvolvidos projetos que buscam difundir novas tecnologias para a região semiárida. Ao todo, são 22 projetos sobre a produção animal e vegetal. No viveiro, são criadas 70 mil mudas de espécies nativas ou adaptadas por ano.

"A intenção é dar suporte na época de seca. Desde a criação, já disponibilizamos 207 mil mudas”, explica o agrônomo Walter Vasconcelos.

Entre as inovações tecnológicas, o Insa tem construído duas máquinas que prometem difundir a utilização de espécies vegetais, como a palma forrageira e o mandacaru. O equipamento retira os espinhos e tritura em blocos para o consumo animal. Segundo os pesquisadores, a utilização da palma forrageira reduz em até 50% a necessidade de consumo de água pelo animal.

SERÃO EM CHAMAS.


DO DIÁRIO DO NORDESTE
26/9/2010
Quem anda pelas estradas federais e estaduais, percebe como o ser humano está distante de se conscientizar da importância que tem o equilíbrio ambiental para o existir da vida. A quase totalidade dos focos de incêndios que se verifica nas entranhas da caatinga nordestina tem origem criminosa. Os criminosos sorriem quando as chamas e a fumaça se espalham consumindo grande parte desse bioma que está se transformando num árido deserto, tornando-se um meio sem vida vegetal e animal, situação que impede a Natureza de realizar o ciclo formador da cadeia alimentar. Por que as autoridades competentes, desde o nível municipal até o federal, não contam com um planejamento consistente para acabar com esse atentado à vida, principalmente a dos seres irracionais que não têm planejamento de defesa? Um fato que chama atenção é que muitos proprietários de terra que tem seus imóveis cortados por BRs e estradas estaduais, colocam fogo nas margens dessas vias para não verem seus imóveis ardendo em chamas. Por que existe essa prática? Porque os administradores não cumprindo a legislação.

CAATINGA PEDE SOCORRO.

dO BLOG CIÊNCIA / TECNOLOGIA
segunda-feira, 27 de setembro de 2010 7:55
Caatinga pede socorro
Isabela Fraga
Ciência Hoje/RJ
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Hoje reconhecidamente um dos biomas mais ricos do Brasil, a caatinga do semiárido nordestino é também o menos protegido: só 2% de sua área se encontram em unidades de preservação.
Das 5.344 espécies de plantas registradas na região, cerca de 320 são endêmicas - ou seja, restritas somente àquele bioma.
O lembrete foi feito na 62ª reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), realizada em julho último em Natal, no Rio Grande do Norte.
Os biólogos Maria Regina Vasconcellos, da Universidade Federal da Paraíba; Ana Maria Harley, da Universidade Federal do Espírito Santo; e Miguel Rodrigues, da Universidade de São Paulo, apresentaram dados de pesquisas para explicar a biodiversidade - especialmente botânica - das caatingas brasileiras e mostrar por que elas devem ser preservadas.
Pelo fato de a caatinga ter condições climáticas muito particulares - como chuvas irregulares -, as espécies botânicas adaptadas ao semiárido também são muito características. Suas árvores são em grande parte caducifólias, ou seja, suas folhas caem durante o período seco para evitar a perda de água.
A família mais presente na caatinga é a de plantas leguminosas. "São 320 espécies divididas em 86 gêneros", aponta Harley.
Considerada até o final dos anos 1980 um bioma de pouca biodiversidade, a caatinga tem hoje 45% de sua área alterados pelo homem, segundo Vasconcellos. "Esse reconhecimento tardio de sua riqueza natural, aliado a um índice ainda baixo de preservação, gera perda de diversidade biológica e também fenômenos como a desertificação", alerta a bióloga.
Desmatamento - Atividades que mais impactam o bioma da caatinga são o desmatamento (para lenha), queimadas e a criação de caprinos, que colaboram para o desaparecimento de espécies herbáceas, elemento de maior diversidade biológica da região. Grande parte dessas plantas aparece apenas durante os dois ou três meses de chuva, o que revela sua fragilidade naquele bioma.
Para conter essa rápida devastação, Vasconcellos sugere um trabalho nas escolas focado na valorização da caatinga. " Também temos tentado fazer valer a proteção ambiental nas RPPN (Reservas Particulares do Patrimônio Natural), uma vez que a maior parte da área da caatinga está localizada em fazendas e sítios", comenta.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

DEGRADAÇÃO AMEÇA ÁREA DE PRESERVAÇÃO DOS INHAMUNS.


27/9/2010
Espécies vegetais e a fauna local estão correndo o risco de desaparecerem por conta da ação do homem

Quiterianópolis. Um patrimônio ambiental, localizado a 12 km da sede deste Município, na localidade de Cacimbas, está ameaçado desaparecer, caso não cessem os avanços dos desmatamentos frequentes naquela área de preservação. Lá, estão situadas as Cachoeiras do Penha, lugar em que a natureza promove um espetáculo de rara beleza. É uma região com vegetação típica do bioma caatinga.

Do riacho Coimbra, afluente do rio Poty desembocam quatro grandes quedas de água, que se destacam entre os paredões, emoldurados por uma biodiversidade única na região. Espécies vegetais como macambiras, crotes, umburana de cheiro, aroeira, barriguda, tamboril e angicos, entre outras permeiam o local, misturando-se à paisagem e à rica fauna.

"Toda a beleza pulsante do bioma caatinga pode ser aqui encontrada", diz o ambientalista Valdo Vale, diretor do Polo Audiovisual Santa Rita, localizado no município. O Polo realiza projetos financiados pelo programa Mata Branca, fazendo um trabalho de conscientização ambiental dos proprietários das terras. Um deles é o "Anjos da Caatinga", no qual oito monitores ambientais fazem um trabalho voluntário de defesa e preservação da área. Eles fazem um trabalho de coleta de dados e participam de campanhas de sensibilização. Produzem conteúdos audiovisuais para a comunidade de Cacimbas e localidades vizinhas, mostrando a importância do patrimônio natural para as futuras gerações.

Quem visita a área, que é considerada APP (Área de Preservação Permanente) fica encantado com a diversidade e a beleza da "mata branca". Durante os meses de fevereiro a julho, devido ao inverno, o Penha se revela com suas majestosas cachoeiras, entre elas: Salto Maior, do Convento e Poço do Boi, com uma vazão muito grande, encantando quem passa por lá. Em apenas uma trilha pela área podem ser encontrados mais de oito tipos de árvores em extinção do bioma, como arapiraca, pau d´arco roxo, pau d´arco branco, imburana de cheiro, imburana de espinho, imburana preta, ingá e juazeiro.

Todo esse patrimônio natural, porém, pode desaparecer em pouco tempo, caso os desmatamentos não sejam freados na região, cuja área é composta por 300 hectares. Nos últimos três meses, os monitores ambientais que realizam um trabalho de levantamento de dados sobre a fauna e flora das Cachoeiras do Penha têm se deparado com sucessivos exemplos de desrespeito ao ecossistema da região, que a passos largos se transforma em uma paisagem angustiante. "A degradação dói nos olhos de ambientalistas que conhecem as belezas e riquezas deste monumento natural dos Inhamuns", diz Valdo Vale.

A natureza já manifesta sinais visíveis de degradação. Dois olhos d´água que também compõem a beleza do lugar já estão com as suas nascentes comprometidas, tendo já perdido 40% da sua vazão, comprovado pelos monitores ambientais do Polo, que atuam no local diariamente. A menos de cinquenta metros dessas nascentes já foram feitos desmatamentos.

Prejuízos são visíveis

A fauna e a flora também foram atingidas. "Várias espécies de plantas, árvores e pássaros vêm sofrendo com o desmatamento feito próximo aos locais de reprodução, trazendo prejuízos constantes e aos poucos o desaparecimento destas espécies", denuncia o diretor do Polo Santa Rita. João de barro, maracanã, pica-pau rei e periquitos são exemplos de pássaros do bioma caatinga existentes na região, que estão convivendo com o crime ambiental e correm sério risco de extinção. A vegetação também já denota grandes prejuízos e degradação. De acordo com Valdo, nos últimos três anos, a região já perdeu mais de 70% de toda a sua rica cobertura vegetal.

O desmatamento desordenado na região provoca a preocupação, revolta e protestos de ambientalistas na região dos Inhamuns. "Solicitamos uma providência urgente dos órgãos de fiscalização e uma posição definitiva do governo com relação ao futuro da região, que se encontra em grau de degradação muito grande", aponta Valdo Vale.

Monitores preocupados

Os monitores do Polo também reclamam da realidade da região. "O Penha é sem dúvida um dos lugares mais lindos que tive a oportunidade de conhecer, um exemplo de que a caatinga tem a sua beleza particular, a prova está aqui nesta região, quando olhamos as nascentes de água no meio desta paisagem cinza e a beleza das macambiras e crotes, que merecem uma atenção maior por parte das autoridades", declara Rodrigo Ferreira.

O monitor Diego Silva também protesta. "A gente fica triste de ver o quanto a gente se empenha, luta por esta causa e constata este nível de destruição. Será que daqui a dois anos estaremos aqui a lamentar a perda de um dos mais belos monumentos naturais da região dos Inhamuns?", questiona.

Cláudia Araújo, presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Condema) de Quiterianópolis, diz que a partir dos protestos dos ambientalistas, e também preocupados com a situação na APP, o Conselho reuniu os proprietários e está articulando uma reunião técnica com os órgãos de preservação ambiental, Semace e Conpam.

SEGUNDO MINISTÉRIO

Só 1% do bioma caatinga está em área de proteção ambiental

Preservação e recuperação das áreas passam por trabalho voluntário do produtor rural, através de metodologia adequada

Quiterianópolis. Áreas de Preservação Permanente (APP) são regiões nas quais, pela Lei, a vegetação deve ser mantida intacta, tendo em vista garantir a preservação dos recursos hídricos, da estabilidade geológica, da biodiversidade, do fluxo gênico de fauna e flora, bem como do bem-estar da população humana.

Com respeito ao bioma caatinga, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) cerca de 7% se encontram em unidades de conservação, menos de 1% em unidades de proteção, que são as mais restritivas à intervenção humana.

Estas unidades, no entanto, têm sérios problemas de implementação, pois têm de lidar com diversos problemas relacionados à proteção da sua biodiversidade, como caça, focos de incêndio, desmatamento e tráfico de animais silvestres.

A criação de novas unidades de conservação, aumentando a área protegida deste bioma, assim como a melhoria da gestão das já criadas são metas do MMA, por meio do Núcleo do Bioma Caatinga. Na última reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão colegiado do MMA, em agosto passado, em Brasília, foi aprovada a resolução sobre a metodologia adotada no País. No texto-base, é definida a metodologia para recuperação das APPs, consideradas de interesse social pelo Código Florestal. "A resolução, caso aprovada, será um instrumento na mão do produtor rural para que ele possa fazer a recuperação das áreas de preservação permanente sem burocracia", explicou o diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João de Deus Medeiros. A ideia é que aconteçam, voluntariamente, ações de restauração e recuperação de APP. De acordo com o texto, a recuperação de APP poderá ser feita por três métodos: condução da regeneração natural de espécies nativas; plantio de espécies nativas; e plantio de espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural de espécies nativas.

MAIS INFORMAÇÕES

Polo Audiovisual

Santa Rita - (88) 3657.1015/ (88) 9972.9551 e Conselho Municipal do Meio Ambiente - (88) 9947.9899

Silvânia Claudino
Repórter

MEIO AMBIENTE E AS ELEIÇÕES.

Clóvis Cavalcanti
Economista ecológico e pesquisador social


No dia 9 deste mês, meu aluno da disciplina (Meio Ambiente e Sociedade) que leciono em Ciências Ambientais da UFPE, Rafael Figueirôa Ferreira, faleceu vitimado por um tipo letal de lepstopirose. Francamente, não é para se morrer hoje em dia de um mal como esse associado a más condições ambientais. Na verdade, a infecção que matou uma excelente pessoa que ficou próxima a mim se deve à ineficácia ou inexistência de redes de esgoto e de drenagem de águas pluviais, à coleta de lixo inadequada e a alagamentos de ruas no período de chuvas. Em situações de impróprios cuidados com o meio ambiente, frutificam condições propícias à alta incidência das doenças infecciosas. Quando isso ocorre num contexto fora da extrema pobreza, é para se pensar na precariedade em que vivem as populações menos afortunadas. Populações essas que, malgrado o discurso do resgate da pobreza de número considerável de brasileiros em época recente, continua vivendo com padrões inadmissíveis de bem-estar. Nesse sentido, vale lembrar que, na definição do economista Amartya Sen (Prêmio Nobel de 1998), a pobreza é privação de capacidades básicas. Assim, como escreveu recentemente o prof. José Eli da Veiga, da USP, “ela jamais deveria ser medida apenas com estatísticas de insuficiência de renda. É pobre mesmo quem tem renda superior ao critério de corte (‘linha de pobreza’) se não puder convertê-la em vida decente. Por falta de saúde ou de educação ou outras carências”.

Em 2009, no Brasil, 41% dos domicílios não possuíam saneamento básico. Não passaria de “pura ilusão, portanto, supor que não sejam pobres pessoas que padeçam dessa catastrófica privação que é o permanente risco de contrair parasitoses, só porque ganham mais de meio salário mínimo” – conforme salienta José Eli da Veiga no jornal Valor de 21.9.2010. Para Veiga, “Chega a soar como propaganda enganosa o uso do tosco critério de renda monetária para dizer que a pobreza está despencando. Encobre a inépcia dos governos em enfrentar o desafio do saneamento”. Pois foi por aí que Rafael, que não fazia parte da categoria que o governo se jacta de haver extraído da extrema pobreza, se contaminou mortalmente. Seu caso ilustra um problema que alcança a classe média, passando, evidentemente, em proporções mais trágicas pelos excluídos da sociedade. Esses que vivem da “bolsa família” – um programa que, se tem méritos para suavizar o quadro de miséria da população, constitui também uma medida de sua exclusão. Foi o meio ambiente mal saneado e mal gerido da cidade que permitiu à bactéria Leptospira interrogans executar seu plano destruidor.

Quadro semelhante é retratado pelo distinguido colunista do New York Times, Nicholas D. Kristof, em artigo de 3.9.2010, falando da salmonela nos Estados Unidos. Sua presença na cena americana deve-se ao péssimo meio ambiente inventado para a criação de galinhas de granja. Ao mesmo tempo em que mandam frango barato para os supermercados, as granjas, que não passam de fábricas de carne e ovos, “transferem custos de saúde para o público – sob a forma da salmonela ocasional, de doenças resistentes a antibióticos, de águas poluídas, envenenamento de alimentos e possivelmente certos cânceres”. A expansão agrícola em grande escala acontece, segundo Kristof, com pouco reconhecimento dos seus impactos negativos. “Produzir comida barata é tudo”, conclui ele. É com essas preocupações que causa enorme desconforto voltar, no YouTube, a ouvir da então ministra Dilma Rousseff, falando em público, em Copenhague, em dezembro de 2009, que “O meio ambiente é, sem dúvida nenhuma, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável. E isso significa que é uma ameaça para o futuro do nosso planeta e do nosso país”. Fazer o quê com o meio ambiente? Afastá-lo do caminho, já que ele é “ameaça”? Será isso o que nos espera?

Postado por Clóvis Cavalcanti às 19:37

DESERTIFICAÇÃO: UM PERIGO IMINENTE

Foto: Diário do Nordeste


Merece atenção especial o artigo publicado hoje em a “Tribuna do Norte” – Natal-RN, produzida pelo repórte Isaac Lira. Lei abaixo.

Um futuro sombrio para a caatinga

Isaac Lira Repórter.

Se, como nas fábulas, a paisagem natural da caatinga pudesse expressar sentimentos, seus cactos e vegetação típica adotariam uma soturna expressão de adeus. Não são positivos os prognósticos para o único bioma genuinamente brasileiro. Com as mudanças climáticas esperadas para o planeta nos próximos 100 anos, espera-se a diminuição das chuvas e o empobrecimento do solo da caatinga, o que irá praticamente extinguir o bioma e dificultar a vida de milhões de pessoas em todo o Nordeste, inclusive no Rio Grande do Norte. Ambientes semelhantes aos desertos são esperados para o Nordeste nos próximos anos.

As implicações econômicas dessas mudanças serão alvo de conferência na 62a. Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a ser realizada do dia 25 ao dia 30 de julho, em Natal. Na ocasião (26 de julho) o professor do Instituto de Pesquisas Espaciais, Paulo Nobre, irá falar sobre o tema “Mudanças Climáticas e o Nordeste Brasileiro”. Nobre acredita na necessidade de modificar o modo de produção predominante no Nordeste (agricultura familiar) para se adaptar ao novo panorama climática que está por vir.
Alex Régis Com as mudanças climáticas esperadas para os próximos 100 anos, espera-se a diminuição das chuvas e o empobrecimento do solo da caatinga


A principal conseqüência do aumento da temperatura será uma alteração no regime de chuvas. Choverá de forma mais espaçada e intensa. Ao invés de precipitações de intensidade pequena e média distribuídas pelos meses do tradicional período chuvoso, haverá algumas poucas chuvas de grande intensidade. Em termos absolutos, choverá menos. Como se sabe, a agricultura precisa de um regime de chuvas mais espaçado, com precipitações freqüentes. Além disso, essa diminuição irá prejudicar o reabastecimento das reservas de água de toda a região. “Com todas essas mudanças, pode-se dizer que a caatinga é um bioma em extinção”, explica o professor Cláudio Moisés, do Programa de Pós-Graduação em Estudos Climáticos, da UFRN.

Todas essas mudanças estão inseridas no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (cuja sigla em inglês é IPCC) de 2007. Os professores Cláudio Moisés e Francisco Alexandre, da Pós-graduação em Estudos Climáticos, fazem uma ressalva. Qualquer prognóstico em termos climáticos precisa ser relativizado. A construção do estudo é feito com tantas variáveis, e tão interligadas, que é impossível “prever” com certeza. “O que existem são modelos. Temos desde o modelo mais pessimista até o mais otimista, mas é impossível que algum consiga representar fiel e exatamente sozinho a realidade”, diz Cláudio Moisés.

Mesmo assim, é importante prestar atenção no que diz o IPCC para o Rio Grande do Norte. Professores da Universidade Federal de Minas Gerais e da Fiocruz construíram cenários para o futuro das atividades econômicas do Nordeste com as mudanças climáticas. Com o aumento da temperatura e a diminuição e alteração do regime de chuvas, o Estado irá perder quase metade de suas terras disponíveis para a agropecuária. Essa diminuição deve ficar entre 47,2% e 44,7%. Isso acontecerá porque o solo ficará mais seco, pobre, sem condições de ser cultivado ou fazer crescer o pasto para o gado. A quantidade de espécies de plantas e animais diminuirá drasticamente, em alguns pontos ficando semelhante a um deserto. O RN tem 2,9 milhões de pessoas vivendo no semi-áerido.
Como se sabe, a agropecuária é uma das principais atividades de subsistência no RN. Além disso, o agronegócio é uma das principais fontes de emprego e renda. Com menos terra para o cultivo, o Produto Interno Bruto potiguar poderá diminuir entre 3,5% e 7% nos próximos 50 anos, diz o estudo da UFMG. Para o professor Paulo Nobre, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticas, isso implica necessariamente em mudanças na forma de produção e subsistência da região. “Não se trata do fim do mundo. As tendências são desanimadoras para o atual modo de produção, mas é possível conviver e se adaptar a esses cenários”, diz (veja entrevista)

Existe um deserto verde em várias regiões do RN.
É impossível, hoje, visualizar de forma concreta os efeitos das mudanças climáticas no empobrecimento do solo. Mas existe um outro efeito da ação humana que provoca danos semelhantes ao esperado após o aumento da temperatura do planeta no próprio Nordeste. Para quem não sabe, existe um “deserto verde” em formação em várias regiões do Rio Grande do Norte e do Nordeste.
O fenômeno, conhecido como desertificação, dá uma idéia substancial do que pode se esperar, de acordo com os prognósticos dos meteorologistas.
Quando se fala em desertificação, o mais comum é vir à mente das pessoas a imagem de um deserto comum, com areia nua e praticamente nenhuma forma de vida. O deserto do Saara, por exemplo.
Não se trata disso. A desertificação não significa repetir a paisagem desértica tradicional no semi-árido nordestino, mas a diminuição da produtividade da terra e da diversidade de plantas e animais sobrevivendo naquele espaço. “É muito comum existir essa confusão.

Professor

A caatinga não vai ficar igual a um deserto, de fato, mas isso não significa que o problema seja menor ou menos importante”, diz o professor José Adenilson, vereador pelo PT em Carnaúba dos Dantas.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE visitou na última semana, um dos principais pontos de desertificação do Rio Grande do Norte: o Seridó, mais especificamente o município de Carnaúba dos Dantas. Lá, a sociedade civil e o poder legislativo estão articulados para, junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, construir um Plano Municipal de Combate à Desertificação. Enquanto isso não acontece – e Carnaúba será um dos primeiros municípios potiguares a conseguir esse feito – a pecuária extensiva e o corte de lenha para abastecer as cerâmicas, sem o devido cuidado, agravam o processo de desertificação. Como se sabe, 97% do território potiguar é suscetível à desertificação, o que significa que tanto podem ser desertificadas ou não. Isso vai depender da forma como o homem utiliza o ambiente para produzir. E os primeiros relatos não são animadores.

Uma das saídas para combater a desertificação seria o governo estimular, por meio de financiamento, o uso do gás natural nas cerâmicas da região Seridó. Os estudos não sairam do papel. Seridó hoje é terra de uma planta só Juremas.
O olhar corre do topo da serra até o chão, passando por toda uma área verde, e, com algumas exceções, o que se vê são Juremas, árvores de porte médio, folhas verdes e com propriedades psicoativas. Como os sertanejos sabem, uma das principais características da Jurema é conseguir sobreviver mesmo em situações bastante desfavoráveis. Trata-se de uma planta forte, com capacidade de se desenvolver em solos empobrecidos e hostis. A predominância da Jurema nos arredores de Carnaúba dos Dantas não é coincidência.

José Adenilson, que é geógrafo, mostrou à reportagem os efeitos da desertificação em Carnaúba dos Dantas. Nos arredores do famoso Monte do Galo, o solo pedregoso e ralo é a primeira evidência. Segundo o professor, a prática da pecuária extensiva é um dos principais causadores. “O gado acaba comendo boa parte da vegetação nascente. Dessa forma, o adubo natural do solo vai se perdendo”, aponta. A extração de lenha pelas cerâmicas é outro problema, um dos maiores, de acordo com Laélia de Melo, responsável pelo combate à desertificação na Semarh. Uma cerâmica de porte médio consome um caminhão de lenha por dia, produzindo 40 milheiros de telhas. Por outro lado, cada empreendimento desse porte significa 40 empregos diretos gerados. Um teorema difícil de resolver.

A degradação da caatinga em Carnaúba dos Dantas tem resumido a biodiversidade do bioma, na cidade, a apenas uma espécie vegetal, justamente a única capaz de sobreviver numa terra tão pobre. De acordo com o professor José Adenilson, um metro quadrado de área deveria ter pelo menos 10 espécies vegetais. Em muitos locais, existem apenas Juremas. Dessa forma, a diversidade animal também é comprometida. “Toda a fauna que depende das árvores, do verde, acaba fugindo para outros locais para sobreviver”, relata José Adenilson.

Para o professor, a desertificação é uma ameaça real à agricultura da região do Seridó. Ele não está sozinho. A reportagem conversou com Aldair e Josefá Dantas, casal agricultores da cidade de Carnaúba. O terreno dos dois, que trabalham na roça desde a adolescência, tem uma boa faixa atingida pelo problema da desertificação. “Tem terra aqui onde praticamente não dá mais para plantar. A gente tenta recuperar, mas é difícil. Um dia não vai dar mais para viver de agricultura nessa região”, concorda Aldair Dantas.

Entrevista: Paulo Nobre – Professor Pós-doutor.
Os cenários futuros para a agricultura no Nordeste podem ser pessimistas para muitos cientistas, mas não para o professor Paulo Nobre, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticas, ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Para o professor pós-doutor em Meteorologia, essa é uma oportunidade única para incentivar novas formas de produção. A convivência com todas essas questões, para Paulo Nobre, também são oportunidades de investir e gerar desenvolvimento.

A UFMG e a Fiocruz publicaram o trabalho “Mudanças climáticas, migrações e saúde: Cenários para o Nordeste Brasileiro 2000-2050” com tendências nada animadoras sobre o Nordeste brasileiro. Entre elas, a diminuição da área agricultável, dos aqüíferos e a necessidade de migrações para outras regiões. O senhor concorda com essa análise?

Conheço o estudo e concordo em parte, mas não considero essas tendências necessariamente desanimadoras. São desanimadoras tendo em vista o atual modo de produção no Nordeste. Mas podem ser vantajosas se nós considerarmos outras possibilidades a partir desse dessa tendência cada vez mais forte: o aumento da temperatura e a alteração do regime de chuvas. Para continuar plantando milho e feijão como é feito atualmente, de forma tradicional, é mesmo desanimador.
Que outras possibilidades são essas?
Formas de ampliar a renda e incentivar o emprego a partir da mitigação desses efeitos negativos. Mitigar significa diminuir. E isso pode ser conseguido em diversos níveis. Primeiro, é preciso reflorestar o Nordeste brasileiro, com espécies nativas. Isso pode minorar efeitos negativos, como o aumento da temperatura nas cidades. Para isso, utilizando mão de obra local, será possível gerar trabalho e renda. Além disso, precisa haver a capacitação de agricultores para ensinar novas técnicas de plantio. Não estamos falando ainda de agricultura irrigada, a exemplo do que acontece em Petrolina e Mossoró, porque isso representa um outro nível de investimento. Essa capacitação precisa atingir a população de baixa renda.

Isso inclui e nergias alternativas?
Sim, num nível ainda maior. O que eu estou defendendo é utilizar a mitigação dos efeitos negativos das mudanças climáticas e o desenvolvimento de fontes de energia limpa como indutores de desenvolvimento, gerando renda e trabalho. A Europa, no ano passado, teve 69% de sua energia de fontes limpas, como energia solar e eólica. Eles fazem isso porque são caridosos? Não, eles viram que há retorno financeiro. O Nordeste brasileiro é uma região rica dessas duas matérias-primas renováveis: vento e sol. Mas para isso é preciso um projeto de Estado e não um projeto de Governo. Não é uma iniciativa de um prefeito ou governador, mas uma decisão do Governo Federal, independente de candidato, e de toda a sociedade. Na base de tudo isso, está a educação, para que os jovens e crianças de hoje, os principais atingidos no futuro, com as mudanças climáticas, não tenham o cultivo como única fonte de renda. Eles podem produzir softwares, programas de computador, por exemplo. Mas isso somente com um investimento maciço na educação de base.
O senhor propõe uma mudança significativa em toda a forma de produzir no Nordeste?

Sim, mas isso é uma questão de tempo. Estou falando em um projeto de futuro. Mas é preciso desenvolvê-lo agora. Não é para as pessoas se desesperarem, pensando: “Agora não dá mais para fazer nada”. Pelo contrário. Não se muda isso em um ano, mas em uma década é possível fazer transformações.

ESTÁ CADA VEZ MAIS DIFÍCIL ACHAR ÁGUA POTÁVEL

A tarefa de fornecer água de boa qualidade onde ela é necessária está se tornando cada vez mais difícil em todo o mundo. Nas últimas décadas, os países têm feito investimentos em infraestrutura para aliviar a escassez, mas até agora, na maioria dos casos, a resposta a essa questão deixou de considerar o problema suscitado pela deterioração que os recursos hídricos vêm sofrendo. Para enfrentar de forma efetiva o problema da crescente crise da água será preciso vincular o seu uso à atenção ao meio ambiente.
14/07/2010
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=77623&edt=
Por Vinod Thomas e Ronald S. Parker*
Em muitos lugares, mesmo onde a água ainda é abundante, a destruição ambiental tornou caro demais o seu uso. Em outros que desfrutam um bom suprimento de água, ela é usada de maneira imprópria. As prioridades podem ficar de tal modo viciadas que, embora as cidades continuem desesperadas à procura de água, agricultores estão irrigando árvores frutíferas ou plantações de algodão no deserto. Ainda menos aceitável é que a água potável esteja sendo usada para manter jardins e campos de golfe, enquanto os pobres urbanos são forçados a pagar caro por ela, a qual compram em baldes.

Por causa disso, cerca de 700 milhões de pessoas em mais de 40 países são afetadas pela escassez. A intromissão humana nos ambientes hídricos é também um problema crescente. Até 2030 a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que 75% da população mundial estará vivendo em áreas costeiras, pondo em risco as terras úmidas que ajudam a limpar o ambiente aquático, além de expor centenas de milhões de pessoas aos riscos relacionados com a água associados às mudanças climáticas.

O Banco Mundial é o maior financiador oficial de investimentos em água nos países em desenvolvimento. Os compromissos de empréstimo na última década somaram por volta de US$ 55 bilhões, com a China e a Índia no topo da lista de mutuários, seguidas pelo Brasil e pela Indonésia. Os projetos hídricos, cobrindo da irrigação e da hidroenergia à gestão de mananciais e vias aquáticas interiores, mostraram nos últimos anos maior sucesso do que outros setores na realização de seus objetivos.

Perdura, no entanto, o desafio de atender às atuais necessidades de água e implantar, ao mesmo tempo, estratégias inovadoras para tomar em conta as futuras necessidades. As áreas de ênfase caem em cinco campos principais ao longo do eixo do desenvolvimento aquático e da gestão ambiental.

Primeiro, o grupo que mais sofre a escassez de água consiste de 45 países, dos quais 35 são da África, que tem pouca. É necessário que a sustentabilidade hídrica se torne central nos seus planos de desenvolvimento, com medidas dimensionadas para atender às suas necessidades urgentes. Mesmo países ricos em água, como o Brasil ou a Tailândia, podem vir a enfrentar deficiência, ao caírem os níveis em represas e de fontes naturais.

Segundo, os lençóis aquáticos subterrâneos estão cada vez mais ameaçados por exploração excessiva, fluxos ambientais inadequados e contaminação. O esgotamento mais grave de águas subterrâneas ocorre no Oriente Médio, no norte da África e no sul da Ásia. Os esforços necessários abrangem monitoramento da qualidade da água, melhoramento dos aterros sanitários e redução da infiltração de águas superficiais contaminadas nos lençóis freáticos.

Terceiro, a restauração de ambientes degradados pode ter grandes impactos. Um projeto de proteção de terras úmidas costeiras no Vietnã, por exemplo, ajudou a reduzir a área de erosão costeira em nada menos que 40%.

Quarto, as Nações Unidas estimam que 1,8 bilhão de pessoas ainda não terá acesso ao saneamento básico em 2015. Será preciso colocar mais ênfase não somente em soluções de baixo custo no saneamento básico, mas também em ligações domiciliares aos sistemas sanitários. Entre os países em desenvolvimento, registrou-se o maior progresso na Ásia oriental.

Quinto, os investimentos em abastecimento de água precisam ser combinados com a gestão da demanda. A agricultura é a maior usuária na maioria das situações, nas quais tecnologias que melhoram a eficiência não são suficientes para melhorar o uso da água. Uma recuperação de custos maior em projetos hídricos seria útil. Estabelecer cotas e forçar o seu uso no consumo de água, um enfoque relativamente recente, merece cuidadosa avaliação.

Mesmo quando são reconhecidas, tem sido difícil converter tais prioridades em ação. Quando os atores-chave se sentam à mesa para negociar a distribuição de água, o meio ambiente fica esquecido. Raramente existe apoio à recuperação de um aquífero em declínio se ainda se pode extrair água dele, à restauração de faixas úmidas protetoras ou à manutenção de um fluxo suficiente num rio, para que a fauna silvestre possa sobreviver e a intrusão salina, ser prevenida.

O apoio político à reforma é muitas vezes dificultado por graves lacunas na compreensão da situação hídrica de um país. Melhores dados, monitoramento sistemático e divulgação dos achados são essenciais para a mobilização de recursos e a ação. O compartilhamento de conhecimentos apoia, assim, os desembolsos financeiros e possibilita melhores resultados no terreno.

Uma maneira de abrir uma janela de oportunidade seria apoiar processos de monitoração que mandam informações relevantes aos interessados públicos e privados. O exemplo do Brasil mostra que, tornando dados de água disponíveis para o público na internet, isso ajuda a aumentar a preocupação dos interessados, o que também ajuda a mobilizar a vontade política necessária para confrontar problemas de águas arraigados.

*Respectivamente, diretor-geral e consultor no grupo independente de avaliação do banco mundial (Washington D.C.)

** Artigo pblicado originalmente no jornal O Estado de São Paulo

(Envolverde/O autor)
por João Suassuna — Última modificação 15/07/2010 14:32

SENADO APROVA A PEC CERRADO E CAATINGA

terça-feira, 13 de julho de 2010

Senado aprova a PEC Cerrado e Caatinga: Os biomas Cerrado e Caatinga podem se tornar patrimônio nacional

Créditos: IbamaOs biomas Cerrado e Caatinga podem se tornar patrimônio nacional, como a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira. A emenda à Constituição conhecida como PEC Cerrado e Caatinga - PEC 51/2003 - que poderá conferir o título aos dois biomas, bem como assegurar que a utilização dos mesmos seja feita dentro de condições que assegurem a preservação de seus ecossistemas e recursos naturais - foi aprovada no dia 7 de julho de 2010 pelo Senado Federal.

Agora a matéria será examinada pela Câmara dos Deputados, e, caso aprovada, transformará o Cerrado e a Caatinga em patrimônio natural do Brasil, corrigindo a lacuna existente na Constituição Federal que não os incluiu na lista de biomas assegurados por lei. As duas regiões compõem aproximadamente 1/3 do território nacional.

BIOMA Cerrado

No Cerrado, considerado a savana com a flora mais rica no mundo, estão cerca de 5% de toda a biodiversidade do planeta. O segundo maior bioma do Brasil tem também grande importância social, pois muitas populações sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo etnias indígenas, comunidades quilombolas e povos tradicionais que, juntos, fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro e detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade.

No entanto, apesar de toda a riqueza, o Cerrado também é um dos biomas mais ameaçados do País. Segundo resultados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite (MMA/Ibama/Pnud), entre 2002 e 2008, o Cerrado teve a sua cobertura vegetal suprimida em 85.074 km², o que representa uma taxa, nesse período, de aproximadamente 14.200 km²/ano. Assim, considerando a área original de 204 milhões de hectares, o bioma Cerrado já perdeu 47,84% de sua vegetação nativa.

BIOMA Caatinga

A Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, ocupa cerca de 11% do território do país. De todas as regiões semi-áridas do planeta, é a mais rica em biodiversidade, com muitas espécies endêmicas. Além disso, tem grande potencial para o uso sustentável da sua biodiversidade, com espécies de potencial extrativista e de silvicultura como madeiras, forrageiras, medicinais, fibras, resinas, borrachas, ceras, tonantes, oleaginosas, alimentícias e aromáticas.

Apresenta ainda paisagens consideradas ideais para o ecoturismo. Todos estes fatores são fundamentais para impulsionar o desenvolvimento da região e promover melhor qualidade de vida para as populações locais.

No entanto, a Caatinga vem sofrendo sérios impactos com a ocupação humana desordenada. Cerca de 46,38% de sua área já foi alterada e o uso não sustentável de seus recursos naturais tem a desertificação como uma de suas mais graves conseqüências, pois 94,66% da área do bioma está em regiões suscetíveis a este processo.

FONTE - Ministério do Meio Ambiente
Postado por Dainir Feguri às 11:47

CIENTISTAS EXPLICAM MUDANÇAS CLIMÁTICAS AMBIENTAIS

Esse é o arquivo mais importante dos jornais da Paraíba. Leia e veja se não é verdade. Outra coisa que nos preocupa e muito: a questão do aquecimento global na Paraíba (e no mundo). Mas parece que aqui isso não tem a menor importância. A discussão que querem impor é mesmo a de 'quem' vai se dar bem 'administrando' a Paraíba para fazer patrimônio, em detrimento da pobreza de todos nós. Um absurdo. Um abraço, Ivaldo Gomes (ivaldogomes2@gmail.com)
Domingo, 11 de Julho de 2010
http://www.portalcorreio.com.br/jornalcorreio/contentLer.asp?contentId=10736
Thadeu Rodrigues
do Portal Correio.
As temperaturas máximas e mínimas registradas no semiárido nordestino estão ficando mais elevadas a cada ano, chegando a aumentar 3º C nos últimos 40 anos, número superior à média global, que é de 0,4º C. Na Paraíba, o semiárido corresponde a 85%% do território do Estado e também sofre com as mudanças climáticas. O estudo é do pesquisador e meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Paulo Nobre (foto), e vai ser apresentado na 62ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que vai acontecer de 25 a 30 deste mês, em Natal (RN).
As modificações climáticas influenciam a regularidade das chuvas e devem extinguir, nos próximos 20 anos, a agricultura de sequeiro na Paraíba, com o solo infértil, prejudicando a produção de milho e feijão, principais culturas do Estado. As áreas mais afetadas são o Cariri e o Seridó, com destaques para os municípios de Picuí, Sumé e Monteiro.
O modelo de cultivo em sequeiro depende de chuvas regulares de fevereiro a maio e corresponde a 90% da agricultura praticada na Paraíba. A região semiárida sofre um processo de desertificação e as soluções apontadas por estudiosos são as mudanças das práticas agropecuárias, a irrigação e o desenvolvimento de atividades que se beneficiem do clima local, a exemplo de investimentos em energias renováveis, como a solar e a eólica.
De acordo com Paulo Nobre, a Paraíba sofreu acréscimos médios de temperatura de 1º C, nos últimos 40 anos, mais que o dobro da média do restante do mundo, o que concorre para a ocorrência de chuvas irregulares e mais intensas, prejudicando o solo semiárido, que está fraco, devido às más práticas agrícolas. “Enquanto a temperatura do planeta aumentou 0,4º C, no Nordeste brasileiro, os índices são mais altos, chegando até a 3º C e isto contribui para que a água disponível no solo evapore mais rápido, formando nuvens carregadas, que resultam em chuvas intensas”.
De acordo com o engenheiro agrícola Amílcar Filgueira, não havendo modificações na sociedade, é provável que o solo do Curimatáu esteja infértil nos próximos 20 anos. Ele destaca como agravantes, na região, a exploração da atividade da mineração sem os cuidados com o meio ambiente, a pecuária, a agricultura com práticas arcaicas, além das mudanças climáticas. Cidades como Sumé e Monteiro, que são polos da pecuária caprina, o problema da desertificação também é grave.
Terremotos no Estado
Tremores de terra no nordeste, que antes eram mais observados em determinados lugares da região, passaram a ser identificados nos últimos anos em diversas outras cidades nordestinas, afirma o coordenador do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Joaquim Mendes Ferreira.
“Estamos detectando atividade sísmica em várias localidades no nordeste onde não sabíamos que havia”, conta. “Só neste ano ocorreram abalos sísmicos em cidades dos estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte”, enumera. O especialista abordará esse assunto em uma conferência que fará na 62ª Reunião Anual da SBPC.
O mais recente foi registrado em Tacaimbó, também no agreste de Pernambuco. Já o de maior magnitude, que atingiu 4,3 graus na escala Richter – em uma graduação de 0 a 10 –, ocorreu no início deste ano em Taipu, no Rio Grande do Norte, e foi sentido em um raio de 350 quilômetros, atingindo Natal, Recife e João Pessoa. Mas não há motivos para pânico. A série histórica dos dados mostra que os abalos no nordeste são de intensidade ligeira, ou seja, não costumam causar grandes danos. Dificilmente atingem magnitude acima de 5 graus na escala Richter.
De acordo com Ferreira, a constatação de um maior número de tremores no nordeste se deve à melhoria na comunicação e ao aprimoramento dos instrumentos de monitoramento de atividade sísmica disponíveis na região. Isso possibilita detectar com maior precisão e rapidez abalos sísmicos que antes poderiam passar despercebidos.
Nível do mar deve subir 50 cm em 100 anos
O fenômeno natural, conhecido como erosão costeira, em que há o recuo para o interior do continente da linha de costa, que limita o mar da terra firme, atinge diversas regiões do nordeste. E deverá se agravar nos próximos anos devido às mudanças climáticas globais. “O aquecimento global, além de provocar a elevação do nível do mar, ainda pode alterar a distribuição e a frequência dos ventos no nordeste”, diz o professor de geologia costeira e sedimentar da Universidade Federal da Bahia (UFBA), José Maria Landim Dominguez. “Como as ondas são geradas pelos ventos, a direção e a intensidade delas também deve mudar, provocando alterações no transporte de sedimentos ao longo da linha de costa e desencadeando processos erosivos no litoral nordestino”, afirma.
O especialista abordará esse assunto em uma conferência que fará na 62ª Reunião Anual da SBPC – evento que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizará de 25 a 30 deste mês em Natal (RN).
De acordo com Dominguez, desde o início desta década tem se constatado no nordeste um aumento na freqüência das ondas vindas do sudeste que, se persistir, agravará os problemas de erosão costeira na região. Mas ainda não se sabe se o fenômeno já está relacionado ao aquecimento global ou é apenas reflexo de uma variabilidade climática natural.
Segundo ele, há mil anos ocorreu na costa leste do Brasil um período de grave erosão costeira desencadeado por uma mudança acentuada na frequência direcional das ondas. Pelas estimativas dos cientistas, é possível que o fenômeno se repita e agrave nos próximos cem anos, quando o nível do mar deve subir em torno de 50 centímetros, conforme as previsões mais pessimistas do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). “A combinação do aumento do nível do mar com as mudanças na frequência direcional das ondas será desastrosa e vai acelerar o processo de erosão costeira no nordeste”, prevê. “A partir do que ocorreu no passado podemos nos preparar e tentar proteger as áreas mais vulneráveis à erosão costeira na região”, alerta.
Rios com pouca sedimentação
O geólogo explica que o nordeste é extremamente sensível à erosão costeira porque os rios que deságuam na região trazem um volume muito pequeno de sedimentos. Por isso, são comuns as falésias nos tabuleiros costeiros da região.
O estado de Pernambuco é um dos mais afetados pelo fenômeno no nordeste. Entretanto, segundo o especialista, o problema foi agravado pela ocupação irregular da costa pernambucana, onde muitos imóveis foram construídos sobre a faixa de praia, como demonstram estudos realizados pela Universidade Federal do Pernambuco (UFPE). “Há uma grande densidade populacional na zona costeira de Pernambuco e no passado foram construídos diversos imóveis muito próximos à praia”, conta.
Na tentativa de minimizar o problema, os órgãos de fiscalização de Pernambuco e de outros estados nordestinos estabeleceram nos últimos anos faixas de recuo, medidas a partir da linha máxima de preamar, no sentido no continente, onde não devem ser construídas estruturas permanentes. No estado da Bahia, por exemplo, a faixa de recuo, criada com o objetivo de absorver as variações naturais da linha de costa nas próximas décadas e as decorrentes do aumento do nível do mar, tem uma largura de 60 metros. Em Pernambuco foi estabelecida em 50 metros para os projetos de empreendimentos imobiliários recentemente aprovados na costa do estado.
Já em áreas urbanas consolidadas, em que é impossível reverter o avanço do processo de erosão costeira pelo mar, uma das soluções indicadas, de acordo com Dominguez, é o “engordamento de praia”. O processo consiste na criação de praias artificiais através de aterros, a exemplo do Aterro do Flamengo e da Avenida Beira-Mar, no Rio de Janeiro.
A AMANE lança a publicação SABERES E FAZERES DA MATA ATLÂNTICA DO NORDESTE
http://www.cepan. org.br/noticias/ a_amane_lana_ a_publicao_ saberes_e_ fazeres_da_ mata_rnatlntica_ do_nordeste_ .html

A Associação para Proteção da Mata Atlântica do Nordeste - AMANE - apresenta, discute e lança a publicação Saberes e Fazeres da Mata Atlântica do Nordeste - Lições para uma gestão participativa, hoje, quarta feira, 14 de julho, às 19h, na Livraria Cultura, em Recife.

A publicação é fruto de um processo de sistematização da trajetória vivenciada durante o projeto Capacitação em gestão participativa de Unidades de Conservação da Mata Atlântica do Nordeste, realizado no período de 2008 a 2010, com o apoio do Subprograma Projetos Demonstrativos (PDA) do Ministério do Meio Ambiente, da Conservação Internacional e da Fundação SOS Mata Atlântica.

A capacitação em gestão participativa se concretizou na realização de seis cursos intensivos, com carga horária média de 76h, envolvendo 145 gestores de UCs dos oito estados inseridos no domínio da Mata Atlântica do Nordeste - Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.


Ora tornado público, o livro sintetiza muito do que foi feito e com certeza servirá para continuar alimentando o processo iniciado. Ao longo de suas páginas percorre-se por analogia um caminho que vai da preparação no plantio aos cuidados com uma planta que simboliza a Mata Atlântica.


Saberes e Fazeres da Mata Atlântica do Nordeste - Lições para uma gestão participativa inicia em seu capítulo I a semeadura da idéia, força e a formação das parcerias para construção e execução do projeto. Para que a semeadura tenha sucesso é necessário estabelecer procedimentos para manejar a terra e as sementes. Assim, o capítulo II discorre sobre a metodologia e as concepções empregadas nos cursos. O capítulo III concentra-se no substrato, a terra fértil representada pelos gestores, onde serão depositadas as sementes. Estas são apresentadas em seguida, no capítulo IV, que contempla todos os temas tratados nas capacitações a partir de textos dos educadores envolvidos no projeto. Preparado o terreno e lançadas as sementes com os devidos cuidados é hora da germinação, apresentada no capítulo V com os resultados alcançados com a capacitação e a mobilização dos gestores.

Muitos foram os parceiros que contribuíram na realização do projeto, dentre os quais, o IBAMA PE, a The Nature Conservancy - TNC, o Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia - IESB, o Centro de Pesquisas Ambientais - CEPAN, Universidade Federal de Alagoas - UFAL, A Universidade Federal de Pernambuco - UFPE e o Instituto Amigos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica - IA RBMA.

Com a atual publicação, a AMANE e parceiros atingem o objetivo de disseminar os conhecimentos gerados ao longo da execução do projeto, expondo os resultados para um público mais amplo e construindo uma ferramenta extremamente útil para ações futuras. Os resultados alcançados são concretos e com grande potencial de extrapolar os limites regionais colocando o corredor Nordeste da Mata Atlântica na vanguarda de iniciativas semelhantes no Brasil.


A AMANE tem como missão proteger e recuperar a Mata Atlântica do Nordeste e acredita que a criação e gestão participativa de Unidades de Conservação (UCs) são as principais estratégias para a sua efetivação.

AINDA SOBRE O BAGAÇO DE CANA

por João Suassuna — Última modificação 12/07/2010 09:34
Com um olho no futuro e o outro no desenvolvimento sustentável, pesquisadores do Rio de Janeiro criaram uma mistura de asfalto que substitui a fibra de celulose pelo bagaço da cana-de-açúcar. O método, além de mais barato e mais simples, reutiliza as sobras do processo de fabricação do açúcar e do álcool.
O estudo, realizado por cientistas do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Fluminense (IFF), é parte da tese de doutorado do engenheiro civil Claudio Leal. Ele comprovou a eficácia do bagaço como aditivo estabilizador para o asfalto, evitando que o cimento escorra durante as etapas de mistura ou aplicação do pavimento. “As características do bagaço da cana e da fibra de celulose são praticamente as mesmas. O bagaço apresentou até mais reentrâncias que acomodam e seguram os agregados (brita) do asfalto”, observa Leal.
A aplicação desse aditivo é especialmente eficiente no asfalto de matriz pétrea (SMA, sigla em inglês), muito utilizado em rodovias com tráfego intenso, aeroportos, estacionamentos, áreas de carga e descarga e paradas de ônibus, entre outros pavimentos que requerem maior resistência. “O uso do bagaço de cana na mistura evita que toneladas desse resíduo sejam descartadas sem aproveitamento”, acrescenta o pesquisador.
Porém, o engenheiro destaca que a principal vantagem do bagaço da cana em relação à fibra de celulose é a economia, já que a fibra é um produto feito na Alemanha e importado pelo Brasil. Além disso, o processo de obtenção do bagaço como aditivo da mistura asfáltica é extremamente simples (veja infografia). “O bagaço precisa apenas ser seco e peneirado, enquanto a produção da fibra de celulose envolve a polpação da madeira — de onde é retirada —, um processo químico complexo e que gera alguns efluentes (produtos líquidos e gasosos produzidos pelas indústrias)”, compara o coordenador da pesquisa.
Benefício ambiental
Atualmente, são produzidas no Brasil cerca de 132 milhões de toneladas de bagaço de cana. Cada tonelada de cana moída gera cerca de 270kg do bagaço. Embora a maior parte seja queimada nas caldeiras das próprias usinas, para gerar energia térmica ou elétrica, cerca de 20% do resíduo não é aproveitado, sendo lançado no meio ambiente. “Considerando-se que a produção de uma tonelada de SMA absorve cerca de 3kg de aditivo, o gasto com a fibra de celulose é entre R$ 10 e R$12 por tonelada de asfalto. Sua substitutição, portanto, representaria uma redução de custo a quase zero”, demonstra Regina Aquino, professora do IFF e orientadora de Leal no estudo.
Para João Paulo Souza Silva, engenheiro civil e coordenador do Laboratório de Engenharia Rodoviária da Universidade de Brasília (UnB), pesquisas como a do IFF dão alternativas de uso sustentável e responsável dos rejeitos da produção industrial. “A pesquisa sobre a utilização de resíduos é imprescindível, pois há uma escassez de material de boa qualidade para nossa engenharia.” Silva ressalta que as técnicas de reutilização desses rejeitos devem ser práticas, simples e ter viabilidade. “Não adianta ter o resíduo e dar a ele um tratamento caro até chegar ao resultado final. Os métodos devem ser simples e ter uma destinação viável e responsável, que, de preferência, não gere novos resíduos”, opina o engenheiro da UnB.
O próximo passo do estudo do IFF é a construção de um trecho experimental na BR-356, entre Campos dos Goytacazes e São João da Barra, no norte do estado do Rio de Janeiro, usando a nova fórmula do SMA.

ACONTECEU!!!

ACONTECEU!!!
De 21 a 24 deste mês, aconteceu, na Fundação Joaquim Nabuco, em Recife-PE, o SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, sob o título GEORG MARCGRAVE – 400 ANOS - A CIÊNCIA UNINDO VELHO E NOVO MUNDOS.
Durante o Evento foram desenvolvidos os seguintes temas:
DIA 21.09:
História das Ciências: perspectivas, desafios e potencialidades de uma nova disciplina - Prof. Dr. Staffan Müller-Wille, da Universidade de Exeter (Inglaterra) e Pesquisador Visitante do Instituto Max Planck de História das Ciências (Alemanha);
Marcgrave treinando para o Brasil no primeiro obsertório universitáio da Europa - Prof. Dr. Huib Zuidervaart do Instituto Huygens da Real Academia de Artes e Ciência da Holanda em Haia (Holanda);
Marcgrave: marco fundadro da astronomia no Brasil, no Hemisferio Sul e no Novo Mundo – Prof.Oscar Matsuura do Museu de Astronomia e Ciências Afins – Mast/MCT, no Rio de Janeiro, e Programa de História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – HCTE/UFRJ (Brasil);
Marcgrave, Luanda, 1644, Angola, Pernambuco, Dutch United Provinces – Profª. Drª. Ineke Phaf-Rheinberger do Departamento de Estudos Africanos da Universidade Humboldt de Berlin (Alemanha);
DIA 22.09:
Jardins botânicos: sua relevância para a História das Ciências como laboratório de pesquisas e como ponte entre a universidade e a sociedade – Prof. Dr. Martin Freiberg do Jardim Botânico e Universidade de Leipzig (Alemanha);
Marcgrave e seu “colega” Piso: um caso de plágio? Questões de propriedade intelectual no início da exploração científica do Brasil - Prof. Dr. Staffan Müller-Wille, da Universidade de Exeter (Inglaterra) e Pesquisador Visitante do Instituto Max Planck de História das Ciências (Alemanha);
As observações meteorológicas de Marcgrave no Brasil: entre a tradição meteórica e a episteme quantitativa - Profª. Drª. Christina Helena da Motta Barboza, do Museu de Astronomia e Ciências Afins – Mast/MCT no Rio de Janeiro (Brasil);
DIA 23.09:
Os astrônomos da América Portuguesa – Prof. Dr. Carlos Ziller Camenietzki da Universidade Federl do Rio de Janeiro – UFRJ (Brasil);
Marcos institucionais da astronomia no Brasil –Drª. Teresinha Alvarenga Rodrigues da Coordenação de Astronomia e Astrofísica do Observatório Nacional – COAA/ON no Rio de Janeiro (Brasil);
Processos Migratórios e a ocupação ancestral do Brasil pelos índios: uma visão genográfica da história do Brasil – Dr. Pedro Paulo Vieira da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas e Coordenação de Expedições do Projeto Genográfico na América do Sul (Brasil);
Biodiversidade: o atlas de peixes de Pernambuco Prof. Dr. Heiko Brunken da Universidade de Ciências Aplicadas de Bremen (Alemanha);
DIA 24.09:
Mudanças climáticas como desafio para o Brasil - Prof. Dr. Carlos Afonso Nobre do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – CPTE/Inpe em São José dos Campos (Brasil);
A astronomia brasileira e o projeto de satélite Mirax – Dr. João Braga do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe em São José dos Campos (Brasil); e, finalizando:
Mesa Redonda: perspectivas para a cooperação científica entre o Brasil e a Alemanha composta por Representantes de instituições brasileiras e alemãs de intercâmbio acadêmico e de cooperação científica e tecnológica.
O evento contou com a presença de professores, técnicos, pesquisadores e estudantes, que compareceram e participaram dos debates que se seguiam a cada palestra.
Um destaque especial para a palestra proferida pelo Dr. Heiko Brinken, da Universidade de Ciências Aplicadas de Bremen (Alemanha), que montou e instalou o Atlas de Peixes de Pernambuco.
O evento foi uma realização do Centro Cultural Brasil Alemanha (CCBA), Museu de Astronomia e Ciências Afins, Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ), Universidade de Pernambuco (UPE), Prefeitura do Recife, além de outros patrocinadores, e contou com o apoio do Consulado Geral da República da Alemanha, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), CHESF e outros.
O evento científico e tecnológico teve o escopo de comemorar a passagem por Recife do médico, botânico, engenheiro e astrônomo GEORG MARCGRAVE, que compunha a equipe de sábios e ilustres, integrada por Plante, Piso, pelos pintores Post, Eckhout e Zacharias Wagener, além de outras personalidades da época.
Aguardamos o relatório a ser produzido pela Mesa Redonda que finalizou os trabalhos quando postaremos as conclusões do evento.

domingo, 26 de setembro de 2010

No sertão nordestino existe o sonho da água própria.















No sertão do Nordeste a população está espalhada. Como a atividade econômica é pouca, não surgiram muitas cidades grandes, e portanto não se concentrou a população. As famílias sertanejas vivem longe umas das outras, mais que tudo da subsistência, plantando pelo menos mandioca, tentando tirar um pouquinho que seja da terra. Os ciclos da natureza não ajudam. A chuva, suficiente para viver, cai toda num terço do ano e deixa o sol esturricar a terra no resto do tempo. Aí, às vezes, não chove. E tudo que se plantou morre.
Nesse lugar, uma visão comum pelas estradinhas é a de caminhões de água. Vimos vários. Muitos vereadores têm entre suas atividades uma espécie de serviço de “disk-água”: entregam para quem pede, garantem um voto em troca. Os caminhões-pipa, geralmente, carregam a água dos açudes para as casas dispersas (já que a dispersão torna inviável um sistema de água encanada para todo mundo).
Se a chuva é suficiente, mas concentrada demais, existe uma solução óbvia: que cada um guarde o excesso de chuva da sua propriedade para quando faltar. Isso não é uma ideia absolutamente nova, claro. Há décadas constrói-se cisternas no sertão, alimentadas por uma calha com a água que cai no telhado da casa. Mas são iniciativas dispersas e muitas vezes prejudicadas por deficiências no projeto (muitas cisternas vazavam, por exemplo).
Em 2003, uma rede de mais de 600 organizações da sociedade civil criou a Articulação do Semi-Árido, ou Asa, para, de maneira descentralizada, construir cisternas pelo sertão. Foi um sucesso. Hoje quem viaja por aquelas bandas vê cisternas em toda parte: há mais de 400 mil em todo o Nordeste e no sertão de Minas. Se você perguntar para as pessoas se elas gostam da cisterna, provavelmente vai ouvir elogios desbragados. “Foi um presente de Deus”, disse o agricultor José Macário dos Santos, chefe de uma família de oito, numa resposta típica. Como ele, 97% dos agraciados com a cisterna estão satisfeitos. Menos satisfeitos ficam alguns políticos tradicionais. Uns circulam por aí com seus caminhões-pipa, oferecendo para encher as cisternas. Assim o morador não tem que se preocupar com a manutenção e a colocação das calhas (e a chuva é desperdiçada).
Mais recentemente o projeto foi aperfeiçoado. Agora a proposta é dar duas cisternas para cada família: uma para o consumo, outra para um pomar-horta. Além de segurança hídrica, a família ganha segurança alimentar e financeira. O projeto também está se tornando mais abrangente, e passa a envolver o apoio à produção local, a gestão de águas, o desenvolvimento de tecnologias sociais. Privilegia-se espécies da caatinga, que não morrem nem quando há seca. A Embrapa Semi-Árido, onde o professor Nilton de Brito trabalha (conheça-o no vídeo acima), está bastante envolvida nesse projeto. A instituição tem testado o desempenho dos diferentes tetos na coleta de água de chuva, projetado sistemas simples e baratos de irrigação por gotejamento e mantido pomares-laboratório.
(Fonte: Estadão.com.br - Isso não é normal)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

Próximo a Nascente do Rio São Francisco,
Serra da Canastra (Foto Carvalho)



"Transposição do rio São Francisco pode aumentar a incidência de esquistossomose no semiárido nordestino"



Interligação de bacias hidrográficas facilitará a transmissão da doença na região. Assunto será discutido na 62ª Reunião Anual da SBPC.
JC e-mail 4049, de 09 de Julho de 2010.
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=72049



A integração das bacias hidrográficas do semiárido nordestino, com a transposição do rio São Francisco, pode contribuir para o aumento da incidência de esquistossomose na região. Ao interligar o "velho Chico" a pequenos rios de estados do nordeste, há o risco de espécies do caramujo transmissor da doença migrarem pela água para locais onde ainda não estavam presentes e darem origem a novos criadouros, alerta o professor de parasitologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) Fernando Schemelzer Moraes Bezerra.



"O Ceará só tem uma das três espécies do caramujo transmissor da doença, a Biomphalaria straminea", diz. "O nosso temor é que outra espécie muito mais nociva do molusco, a Biomphalaria glabrata, que está presente em outros estados do nordeste, seja introduzida no Ceará por meio do projeto de transposição do rio São Francisco", conta. O especialista abordará esse assunto em uma conferência que fará na 62ª Reunião Anual da SBPC, que acontece de 25 a 30 de julho em Natal (RN).



De acordo com Bezerra, além de facilitar a migração das espécies do caramujo transmissor da esquistossomose, a falta de saneamento básico adequado nos municípios por onde passarão os dois canais de integração das bacias hidrográficas do projeto é outro fator que deverá agravar a disseminação da doença no semiárido nordestino.



O canal do eixo norte, por exemplo, que levará água para os sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, foi todo traçado sobre zonas rurais, onde os moradores costumam utilizar a água não tratada de rios e açudes para suas necessidades básicas. Em função disso, podem se transformar em novos focos de transmissão da doença, cujas principais causas são a falta de saneamento básico adequado e de educação sanitária.



Para estimar os possíveis impactos à saúde causados pelo projeto na região, uma equipe de pesquisadores integrada por Bezerra percorrerá todo o canal do eixo norte para fazer um levantamento de quais municípios apresentam maior probabilidade de propagação da doença. Segundo informações do Ministério da Saúde, dos 44 municípios do semiárido nordestino por onde passará o canal de integração do eixo norte, seis já tiveram casos confirmados de esquistossomose e em quatro foi observada a presença de espécies do caramujo transmissor, mas não houve registro de ocorrência da doença.



Ações de saúde



Na opinião de Bezerra, o projeto de transposição do rio São Francisco trará benefícios para o semiárido nordestino, em termos de aumento da disponibilidade de água na região, que possui somente 3% do recurso no país. Mas aponta que um empreendimento desse porte deveria contemplar ações para mitigar os impactos que causará à saúde da população.



"Quando se aumenta a disponibilidade de água em uma determinada região, como acontecerá no semiárido nordestino, também cresce o risco de doenças de veiculação hídrica, como a esquistossomose", explica. "É preciso levar em conta os investimentos que devem ser feitos na área da saúde dos municípios onde os canais passarão para garantir assistência médica à população, caso ocorra um aumento do número de casos de doenças", alerta.



De acordo com o especialista, na descrição do projeto há uma afirmação muito superficial de que não faltarão recursos para minimizar os impactos à saúde, mas não é especificado o volume de recursos e de que forma serão disponibilizados. O pesquisador também lamenta a falta de coordenação entre o Ministério da Integração, que está à frente do projeto, com o Ministério da Saúde, para definir quais as ações de saúde serão implementadas, e de uma melhor discussão do projeto do ponto de vista da saúde pública.



Esquistossomose



A esquistossomose é uma doença grave causada, no Brasil, pelo parasita Schistosoma mansoni, que tem no homem seu hospedeiro definitivo e nos caramujos seus hospedeiros intermediários. As pessoas são contaminadas pelo verme quando plantam, lavam roupa, nadam ou se banham em rios, riachos, valas de irrigação e lagoas contaminados. A liberação de seus ovos na água ocorre pelas fezes do homem infectado. Em contato com a água, os ovos eclodem e libertam larvas que se alojam nos caramujos que, por sua vez, liberam novas larvas que infectam as águas e, posteriormente, o homem, por meio da pele ou mucosa.



A doença atinge principalmente moradores de zona rurais. A maioria das pessoas não apresenta sintomas na fase inicial da infecção. Dependendo da fase da doença, alguns sintomas da doença são: diarréia, febre, tosse, moleza no corpo, prisão de ventre, dores abdominais e tonturas. Não há formas de erradicação da doença, mas é possível diminuir os riscos de transmissão por meio de melhorias no saneamento básico.



A palestra do parasitologista Fernando Schemelzer Moraes Bezerra será realizada no dia 30 de julho, às 10h, durante a 62ª Reunião Anual da SBPC.



O evento, cujo tema é "Ciências do mar: herança para o futuro", contará com centenas de atividades, entre conferências, simpósios, mesas-redondas, grupos de trabalho, encontros e sessões especiais, além de apresentação de trabalhos científicos e minicursos. Veja a programação em www.sbpcnet.org.br/natal/home/ "



(Assessoria de Imprensa da SBPC)

PERIGOS DA ENERGIA NUCLEAR.



"Avanços tecnológicos e os perigos da energia nuclear".

Artigo de Heitor Scalambrini Costa


Merece destaque e a nossa máxima atenção a ocorrência sucessiva e cada vez mais freqüente de desastres ambientais provocados pelas atividades humanas. Levando-nos a uma desconfiança necessária que temos de ter perante as afirmações que nos fazem como sendo credíveis e infalíveis processos e tecnologias existentes.
O exemplo mais contundente é o desastre provocado pela explosão e afundamento da plataforma Deep water Horizon de exploração petrolífera da British Petroleum (BP) acontecida no dia 20 de abril último, e que dia após dia tem atingindo proporções catastróficas.Os números são bastante controversos, todavia o derrame de petróleo pode ter alcançado entre 1 milhão de barris a valores superiores a 170 milhões de barris. É, de fato, uma tragédia ambiental de proporções gigantescas, e que também começou por ser uma tragédia humana, com a morte de 11 trabalhadores quando da explosão da plataforma. Sem dúvida esta tragédia se transformou num dos piores desastres ambientais da humanidade.
O exemplo recente desta tragédia do Golfo do México, permitiu um conhecimento valioso para a discussão de um outro tema onde a argumentação se repete: a energia nuclear. Dizem-nos alguns que os avanços tecnológicos já retiraram os perigos desta fonte de produção de energia,chegando mesmo a afirmarem que o risco é zero ou praticamente inexistente. Mas,como percebemos, é conversa para se desconfiar, pois tentam defender algo indefensável. Mesmo sem termos de recorrer aos argumentos do alto custo da energia nuclear, da incapacidade de tratamento dos resíduos produzidos (o chamado “lixo nuclear”) e das emissões de gases de efeito estufa durante o ciclo de produção (desde a mineração do urânio, o transporte, o enriquecimento, a posterior desmontagem da central e o processamento e confinamento dos rejeitos radioativos); a discussão passa hoje pelos exemplos que vamos tendo. Este desastroso acidente com derramamento de petróleo mostrou-nos de que o desenvolvimento científico e tecnológico nas diversas áreas não é infalível e, por outro, mostrou a enorme fragilidade humana perante a força da natureza. A pergunta então, que não quer calar, diz respeito aos limites que devem ser respeitados no desenvolvimento de tecnologias que implicam riscos muito graves.
Atualmente verifica-se que são feitas afirmativas peremptórias de que as usinas nucleares apresentam alto grau de excelência tecnológica, como principal fator de garantia da segurança e o aumento da confiabilidade. Há uma tentativa de tranqüilizar as pessoas, afirmando que a evolução tecnológica dos últimos 30anos levou as usinas nucleares a se modernizarem e serem praticamente imunes em relação a acidentes. São citadas nos discursos “de perigo zero” as novas usinas que já estão em operação, às chamadas de 4ª geração que utiliza o conceito de “falha para a segurança”. Nestas usinas, afirmam que quando ocorrem falhas de operação, estas são corrigidas, levando a uma condição mais segura do que a anterior, ou seja, a correção das falhas se dá automaticamente, sem requerer necessariamente a intervenção dos operadores. Como se isto bastasse e fosse suficiente para impedir acidentes. É só verificar e comparar, que mesmo com os enormes avanços tecnológicos da indústria aeronáutica, acidentes ocorrem, como foi ocaso do Airbus 330-200 da Air France/AF477, pérola da indústria aeronáutica no que diz respeito à automatização e segurança.
Sem dúvida a segurança das usinas nucleares teve avanços importantes, mas, seu relativo controle é suscetível a fatores humanos. Não podemos apagar dos arquivos da memória,acidentes nucleares ocorridos nos últimos anos.
O acidente nuclear de Chernobyl, no dia 26 de abril de 1986, é simbólico. Um dos reatores da usina sofreu uma explosão de vapor, causando um incêndio. Diversas explosões se sucederam e acabou ocorrendo o derretimento do núcleo do reator.Foi produzida uma nuvem de radioatividade que atingiu a União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia e parte do Reino Unido. A contaminação foi 400 vezes maior que a da bomba de Hiroshima. Milhares de pessoas morreram ou ficaram gravemente doentes após o vazamento e mais de duzentas mil pessoas foram evacuadas de suas casas. Como a contaminação ainda causará o câncer em muitas pessoas é difícil estimar o número de mortos,em conseqüência do acidente. Acredita-se que 4 mil pessoas morrerão de doenças relacionadas. Ao todo 47 trabalhadores morreram no acidente e 9 crianças tiveram câncer de tireóide.
Com relação ao pior acidente nuclear da história,alguns chegam a afirmar que Chernobyl foi mais um acidente da antiga União Soviética do que propriamente um acidente nuclear. É um sofisma daqueles que defendem o uso da energia nuclear para produzir energia elétrica. Alegam que o modelo de usina de Chernobyl tinha padrões de segurança inferiores aos das usinas ocidentais, e que os planos de emergência existentes hoje são cada vez mais eficientes e eliminam perigos da dimensão de Chernobyl.
O que devemos levar em conta é o que dizem os especialistas, que não negam que haja perigo nas usinas núcleo elétricas; e não os defensores da tecnologia nuclear que dizem que com as melhorias introduzidas no projeto das usinas e os avanços tecnológicos obtidos, aliados com o aperfeiçoamento do treinamento dos operadores, praticamente garantem que a hipótese de acidentes pode ser excluída do ponto de vista prático. Menosprezam a hipótese de acidentes utilizando números provenientes de análises probabilísticas de segurança, e assim comparam como de mesma magnitude, as probabilidades de ocorrer uma grande liberação de material radioativo numa usina nuclear, com a probabilidade de um cometa atingir a Terra.
Não podemos acreditar naqueles que nos dizem que a tecnologia nuclear amadureceu e é infalível, porque percebemos que esse argumento é simplesmente utilizado por mero recurso retórico, tentando assim esconder os reais perigos. É inaceitável sequer considerar os dados estatísticos que indicam que é mínimo o risco, pois mínima também era a possibilidade da existência da explosão na plataforma da BP, ou a erupção do vulcão islandês, ou os sismos que conhecemos. Mas, a verdade é que esses problemas aconteceram com um preço muito alto a pagar por eles.
A arbitrariedade com que estão ocorrendo acontecimentos “naturais”, com uma freqüência crescente, mostra bem como não podemos permitir quaisquer risco ligado com as usinas nucleares, simplesmente pela grande catástrofe, econômica, ambiental e social que tais possíveis acidentes ocorrendo, pode legar a toda humanidade. Daí é preciso repetir que o Brasil não precisa de usinas nucleares."

Heitor Scalambrini Costa - Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco

MONITORAMENTO DAS ÁGUA DOS RIOS

Foto Brasil das Águas

ANA pretende implantar sistema para monitorar qualidade da água dos principais rios do Brasil

"A Agência Nacional de Águas (ANA) pretende implantar em todo o país, até 2015, um sistema padronizado de avaliação e monitoramento das águas. Com isso, terá condições de informar à sociedade o nível e o tipo de poluição das águas dos principais rios brasileiros. A avaliação também vai ajudar os governos federal e estaduais a identificar prioridades para as políticas públicas.
julho 1, 2010

Serão investidos quase R$ 100 milhões no sistema, por meio do Programa Nacional de Avaliação da Qualidade das Águas (PNQA). De acordo com o especialista em recursos hídricos da ANA Paulo Libânio, serão gastos R$ 87 milhões com a implantação das redes de monitoramento e com o apoio às redes já existentes.

Ele explicou que laboratórios serão montados no âmbito de um trabalho de capacitação de técnicos nos estados. “Serão investidos mais R$ 4,8 milhões para equipar os estados e R$ 2,9 milhões para divulgar e tornar essas informações acessíveis ao público”, disse Libânio após o lançamento do PNQA, hoje (30) em Brasilia. “Nosso objetivo vai além do monitoramento. Com as avaliações que serão feitas, transformaremos dados em informações e as informações em conhecimento”.
A maior parte dos recursos virá do Orçamento Geral da União. Outra parte tem, como origem, acordos de cooperação técnica com organismos internacionais, entre eles, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
De acordo com o técnico da ANA, esse tipo de avaliação das águas já é feito “de forma competente” em 18 estados, “mas falta a participação de nove estados. A maioria fica na Região Norte, onde há poucos problemas com a qualidade da água”, disse Libânio, referindo-se ao Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, a Roraima, Rondônia e Santa Catarina.
Além de incluir esses estados na rede, serão estabelecidos critérios padronizados de monitoramento, o que facilitará a compreensão contextualizada e comparativa das informações obtidas. “Faltam parâmetros para que tenhamos uma visão nacional [sobre a qualidade da água dos rios brasileiros]”, afirmou Libânio.
Segundo ele, é possível que o prazo para a implantação dessa rede em todo o território nacional, inicialmente previsto para terminar em 2015, seja antecipado caso os estados aproveitem uma ferramenta lançada hoje pela ANA. “O Portal da Qualidade das Águas consolidará as informações disponíveis em 3,3 mil estações de monitoramento. Oferecerá mapas, parâmetros monitorados, informações sobre o índice de qualidade de rios, capacidade de absorção de carga orgânica, além de permitir o intercâmbio de conhecimentos, podendo ser utilizado inclusive por pesquisadores das universidades”.
“Além do poder público, nosso público alvo é também a sociedade, que poderá ficar mais vigilante. Universidades e a população em geral terão, no portal, condições de acessar as informações. Até porque elas estão dispostas em um formato bastante acessível. Quanto ao poder público, ele terá melhores condições de definir suas políticas de forma mais embasada”, explicou Libânio.
A ANA pretende divulgar em agosto um relatório sobre a situação dos 100 rios que apresentam mais pontos críticos no Brasil. Em 2009 foi divulgado um trabalho similar, com dados relativos a 2008. O relatório comprovou que os rios que passam pelas regiões metropolitanas de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador são os que apresentam situação mais crítica em relação à qualidade da água.
Reportagem de Pedro Peduzzi, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 01/07/2010
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• Nos EUA a qualidade da água melhora após proibição da utilização de fertilizantes
• Águas do PR têm 45 espécies em risco de extinção
• Esalq pesquisa movimentação da vinhaça no solo
• EUA: Poluição da água doce custa pelo menos US$ 4,3 bilhões por ano aos consumidores
• Represas que abastecem região metropolitana de São Paulo possuem substâncias como alumínio e chumbo
• RJ: Rio Guandu, que abastece 2/3 do estado, sofre com esgoto e proliferação de algas."

por João Suassuna — Última modificação 01/07/2010 09:53.

Aventura Selvagem em Cabaceiras - Paraíba

Rodrigo Castro, fundador da Associação Caatinga, da Asa Branca e da Aliança da Caatinga

Bioma Caatinga

Vale do Catimbau - Pernambuco

Tom da Caatinga

A Caatinga Nordestina

Rio São Francisco - Momento Brasil

O mundo da Caatinga